Quem se impressionou com a força de Johnny Hooker no palco do Rock in Rio, ao lado de Liniker e Almério, em setembro passado, dificilmente imagina que o recifense se recuperava de uma depressão profunda e das consequências de ter vivido um relacionamento abusivo. Esse período conturbado na história pessoal do artista está escancarado nas letras de seu mais recente trabalho, Coração, que será apresentado pela primeira vez em Porto Alegre nesta quinta-feira (7), às 21h, no palco do Auditório Araújo Vianna.
— Quando gravei e lancei o disco, eu estava atravessando a fase mais sombria da minha vida. Passados quatro meses e situações emocionantes, como estrear o disco para 30 mil pessoas em Recife e fazer o Rock in Rio naquele momento superespecial, acho que de alguma forma esse disco representa muito o pesadelo que foram os três últimos anos — afirma o cantor de 30 anos, que, em meio ao turbilhão do qual tentava se afastar, percorria o Brasil para apresentar o seu primeiro álbum, Eu Vou Fazer Uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!, sucesso de crítica.
— Foi uma exposição em nível nacional que nunca tinha experienciado antes. Isso tudo contribuiu para o agravamento da depressão. Agora posso dizer que estou melhor e que Coração ressignificou muita coisa.
Nas palavras do recifense, o disco é um trabalho "reativo", sobre "uma pessoa que está tentando sobreviver, apesar de tudo". Na faixa Touro, o tema da depressão – e a tentativa de superá-la – surge com força ("Olha eu aqui de novo / Viver, morrer, renascer / Firme e forte feito um touro"). Em Eu Não Sou Seu Lixo, Corpo Fechado e Página Virada, o relacionamento abusivo se destaca. Já em Poeira de Estrelas, uma homenagem a David Bowie, morto em 2016, o assunto é o luto.
— (Coração) É sobre um sequestro, uma tortura emocional. Sou uma pessoa que tenta não se entregar, não se deixar consumir. É um disco que, apesar de ter uns momentos mais tropicais aqui e ali, toca em temas muito pesados — comenta o cantor.
A reação do público à entrega de Hooker às canções do novo álbum foi imediata. Ele passou a receber mensagens de pessoas dizendo que o disco as havia ajudado a superar sofrimentos parecidos:
— Teve um monte de gente fazendo tatuagens com as letras das músicas e outros tantos, nas sessões de autógrafo, que contavam as barras pelas quais estavam passando. Isso não tinha acontecido no primeiro disco. É muito engraçado, porque acaba que você vira meio um terapeuta ali, mas de uma maneira amorosa.
O carinho que Hooker tem recebido deve se multiplicar na apresentação desta quinta-feira na Capital, assim como já ocorreu no show do cantor realizado no Opinião, em março, quando muitos fãs vestiam roupas parecidas com o figurino do artista.
— Essa coisa de os fãs se maquiarem com o olhinho de gatinho ou usarem uma roupa que lembra a minha, acho a maior forma de elogio que uma pessoa pode ter na carreira artística. Porque claramente você está causando um impacto na maneira como a pessoa se vê e como ela quer se expressar pro mundo — derrete-se Hooker, que diz só ter lembranças boas de suas passagens pela Capital. — Todas as vezes que tocamos em Porto Alegre, o público foi quentíssimo, superanimado — lembra o cantor, que se apresentará lesionado.
Hooker quebrou o pé durante show em Salvador no último domingo (3), deixando muitos admiradores que compraram ingressos preocupados. — Vai ter show, sim. E não vejo a hora de encontrar vocês, pra gente se amar e se beijar na boca — garante ele, em recado no stories de sua conta do Instagram.
JOHNNY HOOKER
Show na turnê Coração com sucessos e inéditas.
Quinta-feira (7), às 21h.
Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685).
Ingressos a R$ 100 (plateia alta lateral e central), R$ 140 (plateia baixa lateral e central) e R$ 180 (plateia gold).
Pontos de venda sem taxa: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), a partir das 10h, e bilheteria do Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), a partir das 16h.
Pontos de venda com taxa: site uhuu.com, Agência Brocker Turismo (Av. das Hortênsias, 1.845, em Gramado), bilheteria do Teatro Feevale (ERS-239, 2.755 – Novo Hamburgo) e Quiosque Teatro Feevale (Av. Nações Unidas, 2.001 – Novo Hamburgo).