A historiadora e antropóloga paulistana Lilia Moritz Schwarcz, 66 anos, foi eleita nesta quinta-feira (7) para ocupar a nona cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela recebeu 24 votos e o seu concorrente, Edgard Telles Ribeiro, teve 12 — houve ainda duas abstenções.
A vaga, que agora será ocupada por Lilia, foi aberta após o falecimento do acadêmico Alberto da Costa e Silva, que também era historiador, em dezembro de 2023. Estavam inscritos para a eleição, além de Lilia e Edgard, Chirles Oliveira Santos, Ney Suassuna, Antônio Hélio da Silva, J. M. Monteirás e Martinho Ramalho de Melo.
"A Lilia é uma grande historiadora que já chega com uma tarefa que a gente vai dar a ela. A gente está fazendo uma iconografia de Machado de Assis e ela vai assumir este trabalho"disse o presidente da ABL, Merval Pereira, em nota, após a eleição. "Queríamos mais mulheres, porque perdemos recentemente várias de nossas confreiras e tínhamos uma dívida com a representatividade da mulher".
Lilia venceu cinco vezes o Jabuti e é autora de livros como As Barbas do Imperador, Lima Barreto - Triste Visionário, Dicionário da Escravidão e da Liberdade, com Flávio dos Santos Gomes, e Brasil: Uma Biografia, com Heloisa Starling, além de ser uma das fundadoras da editora Companhia das Letras.
A historiadora já recebeu, entre outras distinções, a Comenda do Mérito Científico em 2010; a medalha Júlio Ribeiro (por destaque cultural e etnográfico) da Academia Brasileira de Letras, em 2008; e a Comenda Rio Branco 2023. Ela ainda faz parte do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Iphan) e do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República.
Em 2019, enquanto lançava o livro Sobre o Autoritarismo Brasileiro, Lilia conversou com GZH. Na ocasião, ela discorreu sobre o momento pelo qual o Brasil passava e abordou ações para a defesa da democracia, entre elas, o fortalecimento da Constituição, das instituições e de uma educação mais inclusiva e atenta às diversidades sociais.
— Estamos em um tempo muito urgente. Há toda uma geração, um grupo que pode se denominar mais largamente de progressista, que demorou a perceber a polarização que se expressava pelas redes sociais. Vivemos um momento espantoso de inversão de pauta, de agenda, de valores que nós julgávamos equivocadamente consolidados — refletiu Lilia, na época.