O romancista Abdulrazak Gurnah, 73 anos, foi anunciado na manhã desta quinta-feira (7) pela Academia Sueca como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2021. Nascido em 1948 na ilha de Zanzibar, na Tanzânia, ele mora no Reino Unido desde os anos 1960, onde chegou na condição de refugiado. Já aposentado, ele foi professor na Universidade de Kent, onde lecionou Inglês e Literatura Pós-colonial.
Sua obra literária, escrita em língua inglesa, é marcada pela abordagem de questões como identidade e migração e suas relações com o colonialismo e a escravidão. Paradise (1994), finalista do prêmio Booker de ficção inglesa, conta a história de um menino tanzaniano que viaja acompanhado de uma caravana árabe pela África Central e pela Bacia do Congo durante a Primeira Guerra Mundial. Admiring Silence (1996) conta a história de um jovem que retorna à Tanzânia após 20 anos vivendo na Inglaterra. Já By the Sea (2001), finalista do Los Angeles Times Book Prize, é narrado por um idoso refugiado de Zanzibar que pede asilo na costa da Inglaterra.
Gurnah é autor de outros sete livros, todos inéditos no Brasil até o momento. Seu trabalho mais recente é The Last Gift (2011). O Nobel de Literatura não era concedido a um autor negro africano desde 1986, quando o nigeriano Wole Soyinka foi premiado.
No anúncio, a Academia Sueca destacou sua abordagem "sobre os efeitos do colonialismo e o destino dos refugiados no abismo entre culturas e continentes". Os laureados levam um prêmio em dinheiro de cerca de US$ 1,1 milhão, além de um diploma e uma medalha de ouro.
Assim como em 2020, não será realizada a tradicional cerimônia em Estocolmo, por conta da pandemia de coronavírus. Será marcado um evento em local próximo da residência dos agraciados, que será transmitido ao vivo. Os vencedores de 2020 e 2021 serão convidados para uma cerimônia especial em Estocolmo assim que for possível. Em 2020, a premiada com o Nobel de Literatura foi a poeta americana Louise Glück.