A Academia Sueca premiou, nesta quinta-feira (8), a poeta norte-americana Louise Glück, 77 anos, com o Nobel de Literatura 2020. Em anúncio realizado em Estocolmo, Louise foi reconhecida "por sua inconfundível voz poética que, com austera beleza, torna universal a existência individual". Além do reconhecimento, a autora recebe 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).
Nascida em 1943 em Nova York, Louise mora em Cambridge, Massachussets (EUA) e, além de escrever, é professora de inglês na Yale University. A estreia dela foi em 1968 com Firstborn, e foi aclamada como uma das poetas mais proeminentes da literatura contemporânea americana. Ao todo, publicou 12 coleções e alguns ensaios individuais de poesias em sua carreira, sendo que a infância, a vida familiar e a relação próxima com pais e irmãos foram temáticas centrais de todas as suas obras.
Coleções como The Triumph of Achilles (1985) e Ararat (1990) ajudaram Louise a ganhar alcance nos Estados Unidos e no exterior. Além de mudanças ao longo da vida, os textos dela também descrevem o renascimento da condição humana após um profundo sentimento de perda. Esta espécie de retorno da vida, inclusive, lhe garantiu o Prêmio Pulitzer em 1993 pela coleção The Wild Iris (1992).
O tema também é retratado com humor pela norte-americana. A Academia Sueca citou a coleção Vita Nova (1999), em que Louise encerra com os versos: “Achei que minha vida tinha acabado e meu coração estava partido. / Então me mudei para Cambridge”.
Outro destaque de sua carreira é Averno (2006), que faz uma interpretação do mito da descida de Perséfone ao inferno no cativeiro de Hades, o deus da morte. Segundo a Academia, Glück busca o universal se inspirando em mitos clássicos, presentes na maior parte do seu trabalho. "As vozes de Dido, Perséfone e Eurídice — a abandonada, a punida, a traída — são máscaras para um eu lírico em transformação, tão pessoal quanto válido de maneira universal", diz um trecho do comunicado.
Além do Pulitzer, Louise foi reconhecida pelo National Book Award, em 2014, por sua última coleção Faithful and Virtuous Night, em que a morte é tratada com graça e leveza em memórias e viagens da poeta. Dois anos depois, ela recebeu a National Humanities Medal do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Desde 1901, o Nobel de Literatura premiou 117 escritores em 113 edições. Em quatro delas, dois nomes foram anunciados como vencedores no mesmo ano. Apenas 16 dos laureados são mulheres ao longo da história.
Louise Glück também é a primeira americana a ser laureada desde Toni Morrison (1993). A obra dela ainda não está traduzida no Brasil.