Há 700 anos, morria uma das figuras mais importantes da literatura universal. Considerado o maior escritor da língua italiana, Dante Alighieri deixou como seu principal legado o poema A Divina Comédia, escrito no século XIV. Em homenagem ao autor e também como parte da programação alusiva aos 150 anos da Biblioteca Pública do Estado, completados em 14 de abril deste ano, a instituição projetou, na noite desta sexta-feira (24), imagens relacionadas ao artista na fachada do prédio histórico.
Inicialmente, as projeções iriam ocorrer no dia 13 de setembro, mas a atração precisou ser adiada por conta da chuva que atingiu Porto Alegre na ocasião. Realizado com a tecnologia mapping 3D, o evento foi acompanhado por texto de Rafael Bán Jacobsen, interpretado pelo ator Zé Adão Barbosa. Nele, foi contada toda a trajetória de Dante na obra A Divina Comédia, mas também abordou a história da própria Biblioteca Pública do Estado.
A iniciativa foi realizada pela Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado e contou com apoio da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, instituição da Secretaria de Estado da Cultura. Membro da diretoria da biblioteca e fotógrafo, Celso Chittolina destaca a importância do projeto, para além de uma simples homenagem:
— Esse texto fala não só da biblioteca como da trajetória toda do Dante dentro de A Divina Comédia. Tem ilustrações que são até difíceis de explicar como eram tão perfeitas naquela época. E vai associar um pouco também com o papel da Biblioteca Pública do Estado na formação de intelectuais, de pessoas que estão ligadas à literatura. Explicando tudo aquilo que tem lá dentro, todas aquelas atribuições à boa leitura e tudo aquilo que envolve esses 250 mil exemplares que, mais ou menos, compõem o acervo total que temos hoje.
Nascido em Florença, em 1265, Dante Alighieri morreu aos 56 anos em Ravena. Conhecido mundialmente por A Divina Comédia (1304-1321), sua maior obra, que é dividida em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Nela, o autor descreve uma viagem por esses lugares, primeiro guiado pelo poeta Virgílio, autor do poema Eneida. Ao chegar no paraíso, é sua musa Beatriz, por quem o escritor foi apaixonado, quem dá a mão para ele.
A própria idealização do prédio da Biblioteca Pública teve influência de Dante. Referências ao escritor podem ser vistas nas pinturas, no mobiliário, nos ornamentos e também no acervo. Na fachada, o busto do autor aparece ao lado do de Carlos Magno e de Gutemberg, formando o Calendário Positivista. Cada mês apresenta um patrono considerado responsável pela evolução da humanidade e Dante é a quarta figura, representando o mês da Epopeia Moderna.
Além disso, no final do Salão de Referência e Acervo Geral, a guarnição da caixa do elevador, feita pelo escultor italiano Giuseppe Gaudenzi, tem relevos que representam episódios de A Divina Comédia. No segundo piso, o Acervo do Rio Grande do Sul traz o busto em mármore de Beatriz, do professor Besfi. Dois medalhões ovais com pinturas a óleo de Beatriz e de Dante também podem ser conferidos no Salão Egípcio, com inscrições de trechos de A Divina Comédia. Um outro busto do autor está localizado no Salão Mourisco.
— Dante não é só um escritor. É um sujeito multifacetado mundialmente famoso e tem uma das obras expressivas da literatura mundial, não poderia deixar de ser homenageado em uma biblioteca que tem grande parte de suas obras — explica Chittolina.
Para quem quiser conhecer o trabalho do autor, a biblioteca disponibiliza as edições mais recentes de A Divina Comédia para empréstimo. Além destas, também estão no setor de obras raras a edição comemorativa de La Divina Commedia, de 1921, restrita a mil exemplares; O Inferno: Poema em 34 cantos, ilustrado por Gustavo Doré, de 1887; e La Divina Commedia di Dante Alighieri, em miniatura, de 1911.