Rubem Fonseca, que morreu aos 94 anos nesta quarta-feira (15), foi um dos principais nomes da literatura brasileira. É difícil encontrar um escritor de contos que não tenha familiaridade com sua obra. Para Sérgio Sant'Anna, Fonseca deixou uma "marca inesquecível na literatura urbana brasileira".
— É uma grande perda para a cultura, mas viveu uma vida de bom tamanho. Deixou uma obra importante, no meu entender principalmente nos seus primeiros livros — afirma o autor, que se especializou em contos, assim como Fonseca. — Em relação ao Rio de Janeiro, que é minha cidade, ele deixa um depoimento que acho que pode ser comparado ao de Machado de Assis.
O autor de Agosto também ficou conhecido, pessoalmente, como alguém recluso e um pouco arisco. Sant'Anna contesta essa impressão:
— Ele tinha uma generosidade, uma afabilidade que pouca gente pode saber, porque ele era tão arredio com a imprensa... Mas era capaz de dar a maior atenção a um escritor novato. Tinha um tesão pela literatura.
O escritor conta sobre como enviou a ele uma cópia de seu primeiro livro, O Sobrevivente (1969), e depois recebeu uma foto da obra posicionada na escrivaninha de Fonseca, dando a entender que estava sendo lida.
— A literatura estava meio clássica. Ele saiu botando pra quebrar com alto nível. Pesquisava bastante para fazer os contos dele. Uma vez telefonei para ele porque precisava saber como era um julgamento de um crime de estupro. Ele me deu uma aula sobre isso.