Capitão que liderou o Internacional na conquista do maior título da história do clube, o Mundial de 2006, Fernandão se tornou não apenas ídolo de metade do Rio Grande do Sul, mas conquistou respeito de todo o país – e até a admiração de gremistas. Carismático, habilidoso e raçudo, o craque teve a vida tragicamente abreviada em 2014, quando o helicóptero em que viajava caiu no interior de Goiás, seu Estado natal. Tinha 36 anos.
É esse mito ainda próximo de nós do ponto de vista temporal que o diretor Bob Bahlis decidiu investigar na peça Um Certo Capitão Fernando, que estreia neste fim de semana no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°), em Porto Alegre. As sessões serão neste sábado, às 21h, e domingo, às 18h, com ingressos de R$ 80 a R$ 120, na bilheteria do teatro (sem venda pela internet).
O espetáculo reconstitui o glorioso período de 2004 (quando o jogador estreou no Inter, fazendo o milésimo gol da história dos Gre-Nais) a 2006 (quando conquistou a primeira Libertadores e o Mundial). Em janeiro de 2007, o diretor, que é colorado, encontrou o craque em uma pequena livraria de uma praia de Santa Catarina e resolveu puxar papo. Terminou impressionado e ainda mais fã:
– Ficamos conversando bastante tempo sobre filhos e outros assuntos. Saí de lá com um choque de adrenalina.
Tudo isso torna Um Certo Capitão Fernando uma peça sobre futebol um tanto singular, que revela não apenas o jogador, mas também o ser humano. Um dos desafios foi dar conta de personagens inspirados em pessoas reais, muitas das quais foram convidadas a dar palpites durante os ensaios. A escalação que sobe ao palco será a seguinte: Rafael Albuquerque (como Fernandão), Lívia Perrone (Fernanda Bizzotto da Costa, a viúva), Paula Martini (Neide, que trabalha com a família), Frederico Vittola (Fernando Carvalho, então presidente do Inter), Leonardo Barison (o jogador Alex), Gabriel Ditelles (Iarley), Anderson Vieira (Tinga), Daniel Topanotti (Clemer) e João Medeiros (Rafael Sóbis).
Também colorado, o ator Rafael Albuquerque já era comparado ao craque nas arquibancadas do Beira-Rio e nas peladas por sua semelhança física e pelos trejeitos. Recorda-se de um encontro com ele em um restaurante de São Leopoldo no qual trocaram "meia dúzia de palavras":
– Quando as pessoas lembram dele, não falam apenas que cabeceava bem ou que era um líder em campo. Falam que era gentil e bom caráter.
Uma exposição sobre Fernandão estará aberta para visitação na Sala de Exposições do teatro no sábado, das 16h às 20h30min, e no domingo, das 16h às 18h.