Carmen Herrera, a artista cubana que alcançou a fama aos 89 anos, morreu no sábado (12) aos 106 anos, conforme anunciou o Museu do Bairro de Nova York, nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (14).
O Museu, primeira instituição onde ela exibiu seus quadros, definiu Herrera como "pioneira" e com um estilo abstrato geométrico, de linhas duras e cores atrevidas. Nas redes sociais, lamentaram o falecimento da artista. "Estamos profundamente tristes em saber da morte da lendária artista Carmen Herrera. Hoje celebramos este espírito incrível, uma criatividade tenaz e seu impacto indelével no mundo da arte", diz a publicação.
Durante muito tempo, assegura o museu, ela foi ofuscada por artistas homens europeus e americanos. Apesar da idade avançada em que ficou conhecida, suas obras fazem parte de algumas das coleções permanentes de pinacotecas como o Museu Whitney, o Museu de Arte Moderna (MOMA), ambos em Nova York, e a Tate Modern, em Londres, na Inglaterra.
Em 1939, filha de intelectuais cubanos - seu pai fundou o jornal El Mundo, após a independência de Cuba, e sua mãe era uma jornalista de renome -, casou-se com o professor de inglês Jesse Loewenthal, a quem havia conhecido quando ele visitou Cuba algum tempo antes.
Pelo marido, abandonou os estudos de arquitetura na Universidade de Havana, na capital do seu país natal, e viajou durante algum tempo por Paris, Roma e Berlim, radicando-se em Nova York, onde estudou na Liga de Estudantes de Artes com Jon Corbino.
Após uma temporada em Paris e uma tentativa de expor em Havana, onde não teve sucesso, a artista voltou a Nova York, na companhia do marido. Sempre foi consciente de que sua condição feminina "ia contra" ela. Herrera continuou pintado até que, no começo deste século, sua obra começou a ocupar o lugar que lhe correspondia, quando estava prestes a completar 90 anos.
Por ocasião de uma exposição de suas obras na Inglaterra em 2009, o jornal The Observer disse que Herrera tinha sido a descoberta da década. "Como pudemos perder estas belas composições?", questionava o jornal.
Entre setembro de 2016 e janeiro de 2017, o Museu Whitney de Nova York lhe dedicou a exposição Carmen Herrera: Lines of Sight. Em 2019, expôs Estruturas Monumentais, a primeira grande exposição de esculturas da artista centenária no City Hall Park de Manhattan.