O Porto Alegre em Cena completa 30 anos em 2024. A primeira edição do festival aconteceu em setembro de 1994, já mostrando a que veio. Nomes de peso do teatro nacional, como Paulo Autran e Tônia Carrero, que apresentaram o recital de poemas Dueto, dividiam a programação com atrações da cena local, a exemplo de Sonia Duro, Elena Quitana, Antonio Carlos Brunet e o grupo Ói Nóis Aqui Traveiz. Daquela vez, Adriana Calcanhoto fez o show de encerramento no Theatro São Pedro. Neste ano, a programação do evento, que teve início em 13 de março, prosseguirá até o próximo dia 24.
Criado pelo diretor de teatro Luciano Alabarse, nos anos 1990, o Porto Alegre em Cena abriu caminho para o que há de novo, o que desacomoda, e esse é um papel essencial da arte e da cultura. Assim, ao longo de três décadas, trouxe à Capital algumas das principais montagens das artes cênicas em nível mundial. Trabalhos de artistas do naipe de Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Pina Bausch, Berliner Ensemble, Eimuntas Nekrosius, Patrice Chereau, Sankai Juku, Marianne Faithfull, Philip Glass, Goran Bregovic e Bob Wilson lotaram as salas de espetáculos. Mas a trajetória do evento não se resume ao que acontecia nos palcos. O arrebatamento das plateias durante os espetáculos contagiava as ruas da cidade, que se transformava a cada ano em polo internacional de artes cênicas.
Esse pulsar podia ser notado, principalmente, nos pontos de encontro, locais destinados à confraternização do público com os que trabalhavam nas produções. A ideia era fazer com que a experiência de ir ao teatro não terminasse com o fechamento das cortinas. Ela prosseguia regada a comida, bebida e uma boa conversa. Na edição de 2001, por exemplo, foi montada uma lona de circo no Largo Zumbi dos Palmares (Largo da Epatur), no coração da Cidade Baixa. Organizada pelos atores Renato Campão, Jeff Lopes e Eduardo Kraemer, ela ganhou o nome de Espaçonave. Havia um palquinho para apresentações gratuitas, programadas ou espontâneas, de teatro, música, poesia e dança, além da participação permanente de DJs, que animavam a festa.
Dois anos depois, a lona foi montada no estacionamento da Usina do Gasômetro, que recebeu também uma praça de alimentação e uma feirinha sobre a antiga Porto Alegre. Desta vez, quem organizou a animação foi o grupo Depósito de Teatro, que era responsável pela Bagasexta, uma das festas de maior sucesso à época. Em 2004, o QG do festival subiu até o mezanino da Usina, onde aconteciam shows acústicos de voz e violão, além de esquetes cênicas com 15 minutos de duração. Outros locais, como o Centro Municipal de Cultura, a Casa Rocco (antiga Confeitaria Rocco) e o café Bertoldo, da Casa de Teatro, para citar alguns exemplos, também serviram de pontos de encontro durante a evolução do festival. Ah, antes que eu me esqueça: em 2024, o local de confraternização é o Espaço Cultural 512, na Rua João Alfredo, na CB.