Nesta quinta-feira (2), serão empossados, no município de Cachoeira do Sul, os integrantes da Academia Cachoeirense de Letras, a mais nova agremiação literária do Rio Grande do Sul. São 45 acadêmicos, considerados cachoeirenses ou que lá residem há mais de dez anos, mais 33 acadêmicos correspondentes (que nasceram em Cachoeira do Sul e moram em outras cidades do país) e ainda membros honorários e beneméritos que tomarão posse na ocasião, em ato solene que acontecerá na Sociedade Rio Branco.
Os nomes foram escolhidos por uma comissão indicada pelo Executivo municipal entre pessoas que tiveram atividade literária reconhecida na cidade. Esta comissão reuniu-se dezenas de vezes até formar o grupo da academia, tendo ainda a tarefa de promover a criação dos estatutos e a legalização da entidade.
A comissão, então, elegeu a primeira diretoria, que foi solenemente empossada em setembro do ano passado na Câmara de Vereadores. Foram também criados o hino da academia, o brasão e a bandeira. O lema foi extraído de uma das frases de João Neves da Fontoura, escolhido como patrono: "Atrás de nós ficam páginas findas e voltadas".
Segundo a historiadora Mirian Ritzel, que ocupa o cargo de conselheira literária da academia, foram vários os critérios para escolha dos membros fundadores, não sendo levado em conta apenas a existência de livros publicados. Ela enfatiza que houve uma preocupação em contemplar, na relação, diversas manifestações da literatura, como romance, conto, poesia, crônica, jornalismo, pesquisas e outras, ao mesmo tempo em que se observou a difusão e o incentivo às letras.
— Descobrimos nomes com trabalho de apoio às letras, mas que nunca haviam publicado nada e isto também foi valorizado — ressalta ela.
A vice-presidente Clarisse Almeida diz que a assembleia de amanhã será um acontecimento memorável em Cachoeira do Sul e, a partir de então, a academia vai funcionar a todo vapor, incentivando as letras e a cultura, por meio de atividades criativas e constantes.
— Temos muitos planos já em análise e queremos envolver a cidade em uma grande comunhão literária.
Clarisse Almeida anuncia que também haverá canais nas redes sociais para que a comunidade possa conhecer os patronos, os acadêmicos e as obras de cada um, podendo interagir de modo construtivo.
— Pretendemos dinamizar e popularizar esta relação, para que a academia dê voz a todos os que gostam da literatura e valorizam o que é feito em nossa cidade — acrescenta.
O patrono
O cachoeirense João Neves da Fontoura, escolhido como patrono da instituição, destacou-se internacionalmente, sendo motivo de orgulho na cidade. Falecido em 1963, aos 75 anos, ele foi escritor, advogado, jornalista, político e diplomata. Além disso, foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa, tendo sido agraciado ainda com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Columbia. Também foi intendente do município de Cachoeira, deputado estadual, deputado federal, vice-governador do Estado, embaixador do Brasil em Portugal e ministro das Relações Exteriores.
Para ocupar a cadeira número um de João Neves, foi escolhido o advogado e escritor Mildo Léo Fenner, que também é o presidente da entidade. Os demais acadêmicos que compõem o grupo também terão patronos, escolhidos entre nomes de destaque da vida literária local.
Colaborou Janice de Franceschi e Mildo Fenner