Em 1980, um visitante permaneceu menos de 24 horas em Porto Alegre, mas a breve passagem ficou marcada na história da cidade. João Paulo II foi o único papa a pisar em solo gaúcho. Ele desembarcou no fim da tarde de 4 de julho no aeroporto Salgado Filho. Por 12 dias, o polonês Karol Wojtyla visitou 13 cidades do Brasil.
O avião presidencial que trazia o Papa aterrissou na capital gaúcha às 17h43. No aeroporto, João Paulo II foi recepcionado por Dom Vicente Scherer, governador Amaral de Souza e outras autoridades. Em seguida, o pontífice partiu no Papa Móvel rumo à Catedral Metropolitana. No percurso, pelas avenidas Farrapos e Mauá, foi ovacionado pela multidão que tomou as calçadas.
Em um palco na frente da Catedral, naquela sexta-feira à noite, ouviu o povo gritar "ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho!". Nos prédios vizinhos, papel picado foi jogado das janelas.
— O Papa é gaúcho? — perguntou para a multidão durante o discurso.
Ouviu a resposta imediata do povo: "é gaúcho, é gaúcho, é gaúcho, é gaúcho...". O Papa passou na noite na Cúria Metropolitana. No sábado, apareceu às 7h27 na sacada do quarto. João Paulo II voltou a desfilar no Papa Móvel pelas ruas da cidade, até chegar à rótula ao lado do Estádio Olímpico, que depois da visita foi denominada Rótula do Papa.

Pelas notícias da época, 300 mil pessoas compareceram à missa campal celebrada pelo Papa. Na homilia, ele falou sobre a fé cristã, a proximidade da Igreja com seus fiéis, da importância do trabalho de catequese e do trabalho realizado pelos meios de comunicação social na difusão da religiosidade.
Outro compromisso foi um encontro com seminaristas e vocacionados no Ginásio Gigantinho. Na chegada, um grupo de cavalarianos apresentou tradições gaúchas ao polonês. O visitante aceitou experimentar um chimarrão oferecido pelo tradicionalista Paixão Côrtes. Colocou na cabeça também um chapéu gaúcho.
No Gigantinho, o Papa ainda teve encontro com mulheres argentinas que vieram pedir ajuda para o movimento das Mães da Praça de Maio, grupo que perdeu seus filhos e netos na ditadura militar no país vizinho.
João Paulo II deixou Porto Alegre às 15h30. Terminava a visita e ficava a lembrança da passagem do carismático polonês.