Por muito tempo, a agência do Banco Safra ocupou dois lindos prédios de Porto Alegre. Em função da pintura da fachada e do estilo, parece ser originalmente um único imóvel na Rua dos Andradas, junto à Praça da Alfândega. Na realidade, são duas construções do início do século 20: Previdência do Sul e Farmácia Carvalho. O conjunto abriga agora uma loja de cosméticos.
Projetado por Francesco Tomatis, o prédio da Farmácia Carvalho foi construído por volta de 1908. A fachada do imóvel de três pavimentos, em arquitetura Art Nouveau, é enfeitada com ornamentos. No topo, está a escultura de um pavão.
Antes da mudança para o valorizado ponto comercial, a farmácia de Jorge de Carvalho ficava na esquina das ruas dos Andradas e General Bento Martins. O farmacêutico produzia o Creme Ideal, uma pomada excelente para "conservação e aformoseamento da cútis". O novo prédio da Rua da Praia também tinha consultórios médicos.
A Pharmacia Carvalho (grafia da época) virou ponto de referência para atendimentos médicos de urgência, uma espécie de pronto-socorro. Em 1916, por exemplo, o operário Francisco Nobal foi removido para a farmácia após ser atingido por caixa de ferro em obra. Um enfermeiro da assistência pública foi ao estabelecimento para prestar atendimento. Depois dos curativos, o paciente pôde ser encaminhado à Santa Casa.
Jornais citam a farmácia no endereço até janeiro de 1969. Ao longo do tempo, o estabelecimento teve vários proprietários, que mantiveram o sobrenome do fundador.
Em 1919, João Marques Pereira comprou o negócio. Em propaganda de 1922, a Pharmacia Carvalho, já administrada por Ruthner e Pontvianne, foi apresentada como grande empório de drogas, preparados, perfumaria e produtos químicos e farmacêuticos. Ela fabricava o fortificante Guaranol. Abria inclusive aos domingos. Oito médicos atendiam nos consultórios.
Ao lado da farmácia, em 1913, foi inaugurado o prédio da companhia de seguros Previdência do Sul, projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn. No térreo, até 1975, ficava o Cinema Guarani. O imóvel foi desocupado, porque seria destruído para a construção de um arranha-céu de 45 andares.
O prédio Farmácia Carvalho foi incorporado ao edifício vizinho, preservando apenas a fachada. O imóvel é inventariado como Estruturação, o que impede a destruição.