No próximo sábado (9), das 18h às 21h, no Cassino dos Sargentos, em General Câmara, na Região Metropolitana (76 km da Capital), haverá uma sessão de autógrafos do livro Sem Bossa Não Há Quem Possa! Cassino dos Operários: uma história, de Eduardo Rodrigues (Editora Capítulo 1, 144 páginas, R$45).
Esta é a edição revista e ampliada da obra que a editora Martins Livreiro publicou em 2011. O livro, agora reeditado, faz uma viagem de retorno a três décadas do século passado para registrar, sob a luz de fatos pouco conhecidos e imagens recém-garimpadas, aspectos da efervescência cultural, esportiva e comportamental, vividos entre as décadas de 1950 e 1970 no Grêmio Desportivo Arsenal de Guerra (GDAG) — nome oficial do clube na cidade cercada pelas águas dos rios Jacuí e Taquari.
Dez anos após o lançamento, a obra ressurge como amor que se reinventa: fazendo tudo de forma diferente. Apenas uma coisa não mudou: o livro continua sendo a bossa de casais que riscaram o parquê da famosa pista em bailes, cujas músicas seguem ecoando em nossos ouvidos e ditando o ritmo em nossos corações.
Inaugurado em 1936, o Cassino dos Operários e seu entorno foram catalisadores de manifestações coletivas ricas em acontecimentos. Das noites buliçosas ao som de orquestras capazes de sacudir o teto às lautas refeições servidas à luz do dia na churrascaria do clube. Rega-bofes que o autor, de penetra, aguardava de lábio trêmulo e olho rútilo, como diria Nelson Rodrigues; das renhidas disputas na pista de bolão, nas quadras esportivas e, posteriormente, na cancha de bocha às incontáveis partidas de futebol no velho Argemirão, distante 30 passos da porta do GDAG, numa época em que viver em cidades pequenas e pacatas como General Câmara era, sim, uma grande diversão. Afinal, para os filhos da terra que passavam boa parte de suas vidas naquele ir e vir, entre o campo e o clube, bastava atravessar a rua, encontrar um novo amor e ser feliz — exatamente como o autor se sentiu após colocar o ponto final nesse trabalho.
A obra tem novo projeto gráfico, caderno de imagens, fac-símiles e três capítulos que iluminam ainda mais a trajetória desta sociedade que completará 86 anos em 2022, revitalizada pela prefeitura — que obteve a concessão temporária do prédio —, mas à espera de programação que mantenha suas portas abertas em tempo integral. Além de trazer informações inéditas, a versão atualizada registra novamente a presença do preconceito racial nos eventos sociais do clube até meados da década de 1970.
Dessa vez, o livro insere o futebol nesse contexto ao explicar a importância que o esporte teve para os atletas, para a cidade e para o próprio Cassino, que, não por acaso, é o vizinho mais importante do Estádio General Argemiro Dornelles, palco de dramas e jornadas heroicas.
Se uma das missões do jornalista é produzir memória, como lembrou o mestre Joel Silveira, esse conjunto de textos e imagens cumpre valioso e indispensável papel. E traz consigo uma certeza: para além de seus múltiplos significados, atrairá novamente a atenção dos camarenses que cresceram e se tornaram adultos no pós-guerra, além de alimentar o imaginário de novas gerações durante muito tempo.