Lancherias ocupam o antigo abrigo de bondes da Praça XV de Novembro, em Porto Alegre. Os trilhos preservados e uma placa relembram o passado do prédio da década de 1930. Por quase quarenta anos, foi ponto de embarque e desembarque de passageiros no Centro Histórico.
A Companhia Carris Porto-Alegrense tinha ponto de parada dos bondes na praça. Em relatório de 1929, o intendente Alberto Bins citou que eram "frequentes as queixas do público a propósito da falta de um abrigo coberto".
Em 1932, a prefeitura abriu concorrência pública para construção e concessão de abrigo. O vencedor poderia aproveitar 20% da área coberta para comércio, além de vender espaços para publicidade. A estrutura deveria ter ponto para venda de passagens.
No livro Christiano de La Paix Gelbert e a Arquitetura da divisão de obras de Porto Alegre (1925 a 1953), Taísa Festugato conta que as obras iniciaram em 24 de outubro de 1932. O projeto foi do engenheiro e arquiteto Adolpho Heirich Siegert. A empresa M. Prates e Cia Limitada venceu a concorrência.
O projeto de Siegert previa apenas a parte junto à Rua Dr. José Montaury. Em abril de 1933, o jornal A Federação noticiou que um copeiro ficou ferido em acidente no café do abrigo, indicando que o novo prédio já estava em uso.
Em 1935, ocorreu a ampliação do abrigo, em projeto atribuído ao arquiteto Christiano de la Paix Gelbert, chefe da 4ª Seção da Diretoria de Obras da prefeitura. A extensão formou um "L". No ponto de conexão das partes antiga e nova, foi adicionado um segundo pavimento.
Os bondes deixaram de circular em Porto Alegre em março de 1970. O abrigo virou ponto de comércio, principalmente lancherias. A Brigada Militar ocupa a parte de dois pavimentos.