Morreu, no último sábado, no Rio de Janeiro, aos 92 anos, de complicações de uma pneumonia, o fotógrafo Flávio Damm. O fotojornalista nasceu em Porto Alegre e é uma das principais referências da fotografia de imprensa brasileira. Fotografando sempre em preto e branco, com câmaras convencionais (não digitais), e sem uso de teleobjetivas, lentes grande angulares ou flash, dando preferência à luz ambiente e à lente ‘normal’, que mais se aproxima do campo de visão do olho humano. Ele atuou por mais de sete décadas e é considerado um dos mais bressonianos (discípulo de Henri Cartier-Bresson) entre os fotógrafos do nosso país.
Com 16 anos, ensinava latim para os colegas e, com o dinheiro das aulas, comprava filmes e gastava com laboratórios de revelação. Ainda como fotógrafo amador, publicou suas primeiras fotos na Revista do Globo, aqui na Capital. Acabou fazendo parte da equipe dessa revista, onde ingressou como auxiliar de Ed Keffel. Em 1948, fez as primeiras, e até então únicas, fotos de Getúlio Vargas em seu autoexílio na Fazenda do Itú, depois de ser apeado do poder.
Sua reportagem A longa viagem de volta, em parceria com o repórter Rubens Vidal, publicada na edição de número 470, em 6 de novembro daquele ano, lhe valeu o convite para trabalhar na revista O Cruzeiro e se transferir para o Rio de Janeiro, onde viveu desde então. Na O Cruzeiro, ficou 11 anos e foi um dos expoentes da qualificada equipe. Foi o único fotógrafo brasileiro a cobrir a coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953. Entre 1957 e 1958, foi correspondente nos Estados Unidos. Profissionalmente, fez cerca de 70 viagens para o Exterior e reuniu um acervo de mais de 60 mil negativos.
Publicou 18 livros de fotografia e ilustrou textos de Jorge Amado, Erico Verissimo, Origenes Lessa e Gilberto Freyre. Em 1971, publicou Um Cândido Pintor Portinari, sobre o artista de Brodowski. Em 1962, fundou, com José Medeiros e Yedo Mendonça, a Agência Fotográfica Image, onde trabalhou até 1974. O Olho Pronto foi título, em 2009, de uma das suas inúmeras exposições.