O colaborador Fernando Hennig guarda em seu acervo um curioso Guia Oficial de Turismo da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), do ano de 1944, registro de uma época em que, surpreendentemente, ao que tudo indica, podia-se usar a rede ferroviária do nosso Estado para conhecê-lo melhor.
Segundo o artigo Estação Ferroviária de Pelotas: espaço de sociabilidade, visualidade e memória urbana, da pesquisadora Maira Eveline Schmitz: “A história das estradas de ferro no Rio Grande do Sul, de acordo com o inventário das estações ferroviárias elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, tem início em 1866, com os debates na Assembleia Provincial acerca da construção de uma linha que interligasse a zona de colonização alemã, no Vale do Rio dos Sinos, com a capital Porto Alegre. Posteriormente a esta linha pioneira foi sendo implantada na província uma rede de estradas de ferro, seguindo quatro linhas principais: as estradas de ferro Porto Alegre–Uruguaiana, Rio Grande–Bagé, Santa Maria–Marcelino Ramos e Barra do Quarai–Itaqui. A estrada de ferro Rio Grande–Bagé fazia parte de um projeto inicial apresentado, em 1872, pelo engenheiro J. Ewbank da Câmara, sendo denominada por ele de ‘Tronco Sul’. Sua construção foi autorizada a partir de um decreto imperial, em 1873, juntamente com a linha Porto Alegre–Uruguaiana. A concessão de sua construção passou por vários nomes, sendo por fim concretizada a partir da fusão de duas empresas, a ‘Compagnie Imperiale des Chemins de Fer du Rio Grande do Sul’ e a ‘Southern Brazilian Rio Grande do Sul Railway Company Limited’. Ao fim da década de 1880, juntamente com Rio Grande e a capital Porto Alegre, Pelotas era uma das cidades fortemente urbanizadas da Província de São Pedro, com o traçado urbano planejado, alta demografia para o período, casarões imponentes e diversas praças e locais de lazer”.

O cartão postal, das primeiras décadas do século 20, enviado pelo leitor Jorge Silva, testemunha a pujança cosmopolita daquela cidade do sul do Estado. Ainda segundo Maira Eveline: “O historiador pelotense Mário Osório Magalhães chega mesmo a considerar o ano de 1890 como simbólico do fim de um período de expansão e auge sociocultural, iniciado em 1860, o qual só teria sido possível em virtude das boas condições urbanas e econômicas propiciadas pela produção charqueadora”.
No site Estações Ferroviárias do Brasil está registrado que a estação de Pelotas foi inaugurada em 2 de dezembro de 1884. Na página consta que: “A partir de 1950, também passou a sair dali um ramal para a cidade de Canguçu, ramal que estava programado para continuar até a cidade de Santa Maria. Em 1963, depois de se desistir dessa continuação, o ramal foi extinto. Até 1982 as linhas ainda transportavam passageiros, quando o serviço foi interrompido devido ao desabamento de uma ponte em Pedro Osório. Uma nova linha foi construída logo depois. O transporte de passageiros retornou algum tempo mais tarde, mas com trens mistos, que duraram até meados dos anos 1990”.