Antes da chegada do sabão granulado, ou em pó, como se diz, imperava, exclusivamente, o velho sabão em barra. Se não estou enganado, a marca mais usada por aqui, naquela época, era um tal de Sabão Rola. Lembro até de uma promoção em que o fabricante acrescentava uma pombinha rola de plástico, acho que inserida dentro da barra, e que, parece, dava direito a um prêmio, ou algo assim. Mas o que eu queria dizer é que lavar as roupas já foi bem mais difícil do que hoje.
No início da década de 1950, máquinas de lavar roupas, nem pensar. A Brastemp, por exemplo, lançou seu primeiro modelo de lavadora de roupas automático em novembro de 1959. Antes, todas as casas tinham uma grande bacia de alumínio, na qual as peças de vestuário, cama e mesa eram colocadas de molho em momentos distintos, esfregadas em uma tábua canelada, eventualmente batidas repetidas vezes contra essa tábua e, em alguma parte do processo, especialmente para as roupas de cama brancas, tipo lençóis, era adicionado um pequeno saquinho de anil, um corante que vinha embrulhado em um pedacinho de pano, amarrado como um saquinho, que lembrava um giz azul usado em tacos de sinuca, cuja propriedade era conferir um branco alvo e azulado nos tecidos lavados. As peças ensaboadas eram postas para quarar, expostas ao sol para clareamento e, só depois de bem enxaguadas, é que eram colocadas no varal para secar. Ufa!
Foi então que, em 1953, produzido pela Lever, em São Paulo, chegou o Rinso, primeiro sabão em pó fabricado no Brasil. Como afirmavam as primeiras propagandas, o “revolucionário sabão granulado” veio para “lavar com metade do trabalho, deixar a roupa mais branca e conservar mais a roupa”. Afinal, tinha o seu molho “super espumoso”. O slogan do produto se tornaria famoso: “Rinso lava mais branco!”. Tudo que era bem branquinho, inclusive aquelas pessoas que não tomavam sol, exibiam uma “brancura rinso”. A marca fez tanta propaganda em cima do branco que, lá pelas tantas, lembrou-se que existiam também todas as demais cores, e resolveu enfatizar que o poder do sabão Rinso também “mostra tôda a beleza das côres!” (sic). Embora não exista mais a marca Rinso em nosso país, em outros ela ainda frequenta o mercado. E o sabão em barra? Apesar de tantas alternativas, como amaciantes e outras modernidades, ele continua tendo seu tradicional e antigo valor.