Antony Rover Baptista, conhecido como Tony, é, desde 1989, cônsul honorário da Noruega em Rio Grande e trabalha para a Cranston Consultoria em Seguros Marítimos Ltda. Eventual colaborador do Almanaque Gaúcho, ele recebeu, um dia desses, um curioso texto com informações vagas e uma fotografia. Enviou-nos o material recebido, perguntando se já ouvíramos falar do assunto e cogitando a possibilidade de, publicando-o, quem sabe, surgir algum dado mais preciso. Ele próprio já contatou dois antigos funcionários que trabalhavam no porto de Rio Grande na época mas nenhum deles se lembrou do caso. O texto recebido diz:
“Após 67 anos, eis o que sabemos sobre o que caiu no canal Miguel da Cunha, entre Rio Grande e São José do Norte. Em 1952, um objeto voador não identificado caiu no canal, ficando com uma parte fora d’água. Ele foi retirado por uma cábrea (um equipamento parecido com um guindaste) instalada sobre uma estrutura flutuante, utilizado em portos com o objetivo de manobrar, transportar, embarcar ou desembarcar cargas pesadas sem a necessidade de atracar o navio no cais. O objeto foi resgatado com a presença de autoridades e embarcado em um navio norte-americano que se encontrava no porto de Rio Grande. Segundo as autoridades, foi levado para os Estados Unidos, para realização de perícia. O caso foi abafado e fotos foram confiscadas. Segundo testemunhas, um jornal da cidade publicou matéria sobre o ocorrido, mas, na manhã da publicação, autoridades invadiram a sede do jornal e confiscaram todos os exemplares. Nunca se teve noticia sobre o que realmente caiu no canal nem sobre a perícia. A foto que existe foi encontrada por um catador anos após o acontecimento, dentro de um álbum de família deixado em um contêiner de lixo. Ele foi entregue para um morador de São José do Norte, que não quer ser identificado, que guardou a foto. Segundo testemunhas, o objeto tinha um formato circular, com vários refletores em seu contorno, e teria feito um barulho muito grande ao se chocar com a água no canal. O objeto tinha várias janelas em seu diâmetro (como se pode ver na foto) das quais saiam feixes de luz.”
O texto foi encaminhado pelo grupo Beira Mar, Resgatando a Memória Histórica da Cidade – Movimento Conservacionista 39 Anos, que tem página no Facebook.
Tony faz algumas observações: “A cábrea na foto era realmente do Porto do Rio Grande, na época; era comum a escala de navios americanos, da Moore McComarck, Prudential Lines, President Lines; o texto menciona testemunhas, mas não cita quais. Cita um jornal, mas não o seu nome. Uma hipótese que aventou é ser uma peça grande que caiu no costado do cais de um navio durante a descarga e foi içada pela cábrea, embora se não consiga identificar qual peça seria”.
Fantasia total ou, quem sabe, algum fato distorcido que virou lenda, fica a enigmática história compartilhada com nossos leitores.