O Colégio Estadual Júlio de Castilhos completa 119 anos neste sábado (23). Nesta já longa história, estão inscritas muitas outras, pessoais ou coletivas. Uma delas é a da biblioteca do Julinho que, em 2011, recebeu o nome de Biblioteca Moacyr Scliar.
Scliar foi um dos mais ilustres ex-alunos do colégio. Médico e grande escritor gaúcho, destaque na cultura nacional, nasceu num dia 23 de março, em 1937, há 82 anos. Algum tempo depois, no final dos anos 1940 e início dos anos 1950, adolescente, foi aluno juliano. Com colegas, vivenciou o incêndio do antigo prédio, em novembro de 1951.
Não raro, como expressão de seu afeto pelo colégio, Scliar ia ao Julinho falar aos estudantes. Este afeto transparece nas crônicas que escreveu para as coletâneas publicadas sobre essa história. Ele registra em uma delas: “Passei no Júlio quatro anos, mas foram quatro anos de emoção”. Em outra, afirma: “Ser juliano (todos os que o são ou foram sabem disso) não quer dizer apenas que a pessoa cursa ou cursou o Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Ser juliano é uma condição de vida.”
Ao comemorar o aniversário do colégio, é pertinente registrar a importância da biblioteca do Julinho, a maior dentre as existentes em escolas públicas estaduais gaúchas. É uma forma de reverenciar, também, o nome de seu patrono.
A primeira biblioteca foi constituída na inauguração do primeiro prédio próprio do colégio, em 1911, na Avenida João Pessoa. Após o incêndio da escola e, em consequência, também da biblioteca, os alunos ficaram por quase sete anos tendo aulas em outras salas, sobretudo no Arquivo Público, onde não dispunham de biblioteca, fazendo uso da Biblioteca Pública.
O atual prédio, projeto de Demétrio e Enilda Ribeiro, foi inaugurado em 28 de junho de 1958. Nele, a biblioteca foi contemplada com um espaço nobre, na entrada, à direita, onde hoje se encontra o Serviço de Orientação Pedagógica. O tempo, o aumento e a qualificação do acervo da biblioteca, bem como o grande número de alunos que a ela recorriam, exigiu duas mudanças no “endereço” dela dentro do colégio. No início dos anos 1970, a biblioteca ocupou a área que, no projeto original, seria o auditório. Mais tarde, na mesma década, concluído o bloco B, foi levada ao seu espaço atual, no mesmo andar destinado a laboratórios e a salas especiais, como a do museu do colégio.
Toda biblioteca é, primordialmente, lugar de leitura. Mas a do Julinho é mais do que isso. Ali surgem projetos que valorizam o tempo de estudos na escola. Organizados pelas responsáveis pelo atendimento, em parceria com professores, e com a colaboração de estudantes, tais iniciativas resultam em saraus literários, encontros com autores convidados, exposições, escambo de livros, concursos, rodas de discussão sobre textos lidos, palestras, etc.
A Fundação de Apoio ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos, instituída há quase 20 anos, vê a biblioteca como um setor que merece máxima atenção. Por isso, tem procurado suprir suas necessidades. A compra de livros é prioridade. Assim, a aquisição de novos títulos para a formação de professores e para os estudos dos alunos é uma ação rotineira da fundação. Outra ação que se repete, há alguns anos, é a escolha de alunos monitores, pagos pela fundação, para auxiliar regularmente nas atividades da biblioteca. Premiações a campanhas e concursos são também práticas da fundação para cooperar com a biblioteca. Ela é o setor que mais tem merecido elogios dos alunos nos conselhos de classe realizados ao final de cada trimestre. Eles louvam a organização, os recursos e o atendimento.
Ainda sensibilizados com o falecimento de Moacyr Scliar, em fevereiro de 2011, menos de um mês após sua morte, foi prestada uma justa homenagem ao ex-aluno. Em 23 de março, uma placa foi descerrada dando à biblioteca o nome de Moacyr Scliar. Na oportunidade, outro ilustre ex-juliano, o jornalista Flávio Tavares, presidente do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos em 1952, e colega de Scliar, enviou uma mensagem lida na solenidade. Nela ele dizia: “...uma biblioteca é sempre uma festa. E, mais ainda, quando leva o nome de alguém como Moacyr Scliar. A direção do colégio, ao dar o nome de Moacyr Scliar à biblioteca, faz com que ele retorne às salas de aula em que forjou a têmpera que o levou a ser o que foi – um grande escritor, homem íntegro e inimitável figura humana”.
Colaborou Neiva Otero Schäffer, Secretária da Fundação de Apoio ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos