Há 60 anos, no dia 29 de junho de 1958, o Brasil festejava a conquista do seu primeiro título de campeão mundial de futebol, na Suécia, com uma brilhante vitória por 5 a 2 contra o time da casa. Nesse mesmo dia, em Porto Alegre, o Colégio Estadual Júlio de Castilhos recebia um novo e belíssimo prédio na Avenida Piratini e comemorava sua inauguração. Sete anos antes, a antiga sede, na Avenida João Pessoa, fora consumida por um incêndio. Durante este período, alunos e professores do Julinho circularam por espaços provisórios, em salas do prédio do Arquivo Público, na Rua Riachuelo. Foi uma época de luta para garantir a construção de um prédio próprio e adequado às atividades escolares.
O jornalista Flávio Tavares narra este movimento: “O incêndio que, numa madrugada de novembro de 1951, destruiu o prédio do colégio, porém, levou as lideranças estudantis a escolherem um ‘candidato de consenso’... Surgiu, então, o meu nome. A posse solene foi imediata. E já no primeiro dia de gestão, interromperam-se as aulas e o colégio inteiro marchou até o Palácio Piratini para reivindicar ‘a construção urgente de um novo prédio’. O governador Ernesto Dornelles nos recebeu... Depois, levou-me à janela do Piratini e repetiu à multidão de moças e rapazes o que nos tinha prometido lá dentro”.
Das pranchetas dos arquitetos Demétrio e Enilda Ribeiro, surgiu o projeto vencedor do concurso público promovido pelo governo do Estado, em 1952, para a construção do novo Julinho. A proposta, concluída em 1954, em estilo modernista, com grandes aberturas envidraçadas, amplas escadarias e sacadas e espaçoso saguão, tornou-se uma referência na arquitetura da cidade.
Cabe lembrar que a área onde hoje está o Julinho era plana e facilmente inundável. Na parte de trás do terreno, corria uma sanga que se estendia até a Rua Santana. Havia um pontilhão e, mais além, uma ponte. A Praça Piratini não passava de um espaço aberto onde eram armados circos que chegavam a Porto Alegre. A presença do imponente prédio, a consequente movimentação diária de milhares de alunos que cursavam o “ginásio” e o “colégio” (clássico ou científico) e o número expressivo de professores (quase três centenas) tornaram inusitado o movimento diário no bairro. Mais da metade da história de vida do Julinho transcorreu neste prédio, que, agora, completa 60 anos de uma história plena de vivências, de experiências únicas e de figuras ímpares.
“Em 1958, tive o privilégio de ingressar no 1º ano do ginásio, turma E”, lembra o engenheiro agrônomo Mario Buede Teixeira (71 anos), que acrescenta: “O prédio não estava totalmente concluído, ainda rodeado por tapumes das obras. Não havia local para as aulas de Educação Física, razão pela qual fazíamos ginástica no Campo dos Cadetes, na Praça da Redenção. Cursamos os quatro anos do ginásio em turmas só de guris e recebemos o certificado de conclusão em dezembro de 1961. A seguir, tivemos que optar pelo científico ou clássico, dependendo do curso superior que se desejava. Após cursarmos os três anos de científico, recebemos o certificado de conclusão do colegial, em 1964. Estávamos aptos para fazer o vestibular e entrar na universidade, nosso objetivo maior. Foram sete anos no Julinho, maravilhosos, inesquecíveis, dos 11 aos 17”.
Para marcar a data, hoje, às 10h, haverá uma comemoração no saguão da escola, com direito a solenidade, descerramento de placa e apresentação da tradicional banda do Colégio Júlio de Castilhos.
Colaboraram: Neiva Otero Schäffer, secretária da Fundação de Apoio ao Colégio Júlio de Castilhos, e o engenheiro agrônomo Mario Buede Teixeira