Por Pedro Haase Filho, interino
Ameaçado pelo viés fascista que se instalou no governo do Brasil com o Estado Novo (1937-1946), Erico Verissimo, já um escritor consagrado, além de tradutor e conselheiro literário da Editora Globo, em 1943 decidiu aceitar convite da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e para lá se mudou com a esposa e os dois filhos.
Estabeleceu-se como professor de Literatura Brasileira no campus da cidade de Berkeley. Erico e a família ficaram em território norte-americano até meados de 1946. Na volta, o autor começaria o projeto do livro que se consagraria como uma obra seminal na literatura gaúcha.
Em 2019, comemoram-se os 70 anos do lançamento de O Tempo e o Vento, com o primeiro volume de O Continente. Desde o retorno da Califórnia, ele se dedicou a criar aquele que viria a ser o livro demarcador de toda a sua talentosa e profícua carreira de escritor. Previsto para ter um só volume, com aproximadamente 800 páginas, e ser escrito em três anos, acabou ultrapassando as 2,2 mil páginas, sob a forma de trilogia, consumindo 15 anos de trabalho do autor.
O Tempo e o Vento é uma trilogia que se divide em três tomos: O Continente (dois volumes); O Retrato (dois volumes); e O Arquipélago (três volumes). O romance conta a saga das famílias Terra e Cambará ao longo de 200 anos, desde a ocupação do Continente de São Pedro, começo do século 18, até o fim do Estado Novo, quase metade do século 20.
Do lançamento, em 1949, até os dias atuais, O Tempo e o Vento e, especialmente, O Continente, no qual sobressaem os personagens Ana Terra e capitão Rodrigo Cambará, mereceram numerosas reedições, além de adaptações para o cinema e a televisão.