No mês de fevereiro deste ano, a cidade de Panambi festejou os seus 63 anos de instalação. A origem do então novo município foi a antiga colônia Modelar Neu-Württemberg. É uma data importante e que merece ser lembrada e analisada para destacar certas personalidades que escreveram os primeiros 50 anos da história daquela localidade. Entre essas figuras importantes está o engenheiro Erich Schild, genro do pastor Hermann e da professora Marie Faulhaber. O imigrante Erich Schild foi engenheiro, professor e maestro, desconhecido hoje por muitos panambienses, porém, teve uma passagem marcante, que influiu muito no atual aspecto industrial de Panambi.
Erich Schild foi um dos ilustres sócios fundadores, junto com o engenheiro Walter Faulhaber e Karl Klemm, da Metalúrgica Faulhaber, uma das pioneiras no ramo metalmecânico de Panambi. O reconhecido engenheiro Schild também foi para os panambienses um renomado professor e um talentoso músico e maestro.
Além de fundar, na década de 1930, a Escola Profissionalizante das Indústrias da Liga do Operário Alemão (Gewerbeschule des Deutschen Handwerkerverbandes) para a formação de operários especializados para o então emergente parque industrial, também é o autor de uma partitura musical para o canto do coral polifônico a quatro vozes do Hino Nacional Brasileiro. Enquanto artista, Erich Schild destacou-se, também, na harmonia das linhas arquitetônicas das suas construções e, principalmente, nas virtuosas apresentações com o seu violino, tanto em orquestras locais como em filarmônicas alemãs.
No livro Aos Espanhóis Confinantes, do jornalista Othon d’Eça, está descrito o canto polifônico a quatro vozes do Hino Nacional durante a recepção e a despedida do governador Adolfo Konder na visita às regiões do norte do Rio Grande do Sul e do extremo Oeste de Santa Catarina. Os colonos de procedência alemã, sob a regência de Schild, surpreenderam o ilustre visitante com esta elogiável atitude cívica. Os coralistas, humildes mas bem-vestidos, aparecem na fotografia feita no ano de 1929, data do acontecimento.
O prédio da Escola Comunitária Elsenau, inaugurado em 1935 pela Fundação Faulhaber, teve o projeto arquitetônico e estrutural feito por Erich Schild. A escola também era conhecida pelo nome de Stadtplatzschule Elsenau, na qual as aulas normais do currículo escolar eram ministradas durante o dia, enquanto, à noite, eram dadas aulas teóricas para os operários do distrito. As aulas práticas aconteciam, depois, nas sedes das indústrias dos respectivos aprendizes.
Schild também foi professor de renomados panambienses. Entre os seus alunos estão Orlando Schneider, empresário bem-sucedido, prefeito de Panambi por três vezes; Alfredo Fockink, fundador do grupo Industrial Fockink; Ernesto Rehn, fundador das indústrias Bruning Tecnometal; Ernesto Saur, fundador da indústria Saur Equipamentos. Este, além de frequentar o curso técnico profissionalizante, também estudou música com Schild, que despertou nele a vocação maestral na execução do seu violino e, principalmente, na regência de corais. O talentoso e jovem violinista Saur foi destaque na cidade de São Leopoldo, onde continuou os seus estudos para lecionar alemão. Ali, tocou violino em dupla com a também hábil violinista Dorothea Bachimont, que, mais tarde, viraria sua esposa.
Infelizmente, a triste e doentia xenofobia contra imigrantes da ditadura de Getúlio Vargas obrigou o professor Erich Schild a voltar para a Alemanha no ano de 1939, ato este agravado com o lamentável fechamento da escola que hoje abriga o Colégio Evangélico Panambi. A ação arbitrária de agentes cruz-altenses da ditadura Vargas dispersou os quatro alunos. Orlando foi estudar contabilidade em Passo Fundo, Alfredo foi para a Alemanha estudar eletricidade, Ernesto Rehn, que estudou tornearia mecânica, ficou em Panambi, e Ernesto Saur foi para São Leopoldo.
Os empreendimentos industriais destes alunos de Schild empregam, hoje, cerca de 4 mil a 5 mil operários.
Colaboração de Matheus Schwingel e Ivo Beuter