
Durante a primeira fase da aviação comercial, entre as duas grandes guerras mundiais, a infraestrutura existente para atender aos voos era bastante precária. As pistas eram curtas e, geralmente, não pavimentadas, suficientes apenas para as aeronaves de pequeno porte. Por isso, em muitos casos, era preferível usar hidroaviões, que podiam operar, sem maiores problemas, em baías, rios, lagos ou represas.
As décadas de 1920 e 1930, então, são consideradas como a era dos hidroaviões. Aeronaves como o Dornier Wal, o Savoia-Marchetti S55 e o Martin M-130 foram dignos expoentes da aviação comercial nessa época. No Brasil, o primeiro avião comercial a operar foi um hidroavião, um Dornier Wal, que voava entre Porto Alegre e Rio Grande, da primeira linha da Varig.
O nome Nyrba do Brasil, considerado de mau gosto, quase nem chegou a ser adotado pela subsidiária da New York, Rio and Buenos Aires Line Inc. (Nyrba), que começou a operar em 1929. Com a crise econômica daquele ano, ela foi absorvida pela Pan American e, em 1º de outubro de 1930, o nome foi mudado para Panair do Brasil S.A., uma derivação do endereço telegráfico da Pan American Airways. A empresa foi formalmente constituída em 21 de dezembro de 1930. Nesse ano, a Nyrba realizava, com meia dúzia de aviões, a ligação entre as cidades componentes de seu nome, fazendo escalas intermediárias em municípios menores situados ao longo do trajeto.
A famosa empresa aérea, que operou no país até 10 de fevereiro de 1965 (quando foi decretada sua falência e suas linhas aéreas foram cassadas e transferidas à Varig, numa polêmica decisão governamental), logo estabeleceu Santos como uma de suas escalas regulares na rota Rio de Janeiro-Buenos Aires, parte de uma linha que circundava toda a América do Sul e chegava aos Estados Unidos.
Ainda em 1930, a direção-geral dos Correios autorizou a empresa a transportar malas postais aéreas no Brasil e de escalas brasileiras para o Exterior (via Nyrba Inc.). A linha aérea deveria ligar Rio Grande a Belém do Pará, numa viagem de 98 horas e 10 minutos (incluindo estadias nos portos de escala e pernoites em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza).

Em 1931, a linha da Panair para Santos era estendida até Buenos Aires, fato noticiado assim pelo jornal paulistano Folha da Manhã, em 29 de outubro de 1931, na página 6: “Conforme estava sendo esperado, a Panair determinou, enfim, a data do prolongamento da sua linha Pará-Santos até Buenos Aires para os primeiros dias do próximo mês de novembro. Assim, o hidroavião dessa empresa, que deixará Belém do Pará, de acordo com o itinerário habitual, amanhã, chegando ao Rio de Janeiro na tarde de domingo, 1º de novembro, prosseguirá, na manhã seguinte, para Santos, Paranaguá, Florianópolis e Porto Alegre, e, na terça-feira, para Rio Grande, Montevidéu e Buenos Aires”.
Fontes: Blog Cultura Aeronáutica, de Jonas Liasch, e novomilenio.inf.br. Colaboraram Alceu Feijó e Silvia Maria de Mello