O nosso leitor Flávio Sehn, também em nome da sua esposa, Carla Fayet Hunsche, entrou em contato com o Almanaque Gaúcho para dizer que, com o falecimento do seu sogro, Werner Hunsche, e durante “a espinhosa tarefa de bem direcionar seus haveres”, eles haviam deparado com um antigo e alentado livro bilíngue (português-alemão), com 236 páginas e centenas de ilustrações, editado, em 1913, pela empresa Bromberg & Cia.
A edição celebra e faz um retrospecto da trajetória dos primeiros 50 anos dessa importante firma, que contribuiu para o nosso desenvolvimento e, seguramente, ajudou a escrever alguns capítulos da história de nossa cidade, do nosso Estado e também do nosso país.
No texto abaixo, transcrito com a grafia da época, dá para ter uma breve ideia do interessante conteúdo da obra.
“Acaba de decorrer em Janeiro de 1912 meio seculo desde a fundação da casa Bromberg & Cia. N’aquella epoca, quando ainda não estava unida a Allemanha e seus filhos viam-se constrangidos a recorrerem ao patrocinio alheio quando se achavam em terras extranhas, veiu ao Brazil, procedente da antiga cidade hanseatica de Hamburgo, o chefe-senior da firma, o Sr. Martim Bromberg, para alli, á sombra da afamada hospitalidade do maior dos paizes sul-americanos, lançar a pedra fundamental de uma casa commercial que, surgindo de condições acanhadas, hoje, devido ao espirito emprehendedor e á energia incançavel dos que lhe estavam e estão á testa, attinge a um grau de desenvolvimento colosso. Hoje, depois de 50 annos de existencia, ella extende suas ramificações pelas costas do Atlantico, abrangendo os Estados Brazileiros e vai, muito alem das frondosas mattas-virgens do Norte e das vastas planicies do Sul, arraigar-se nas plagas da Republica Argentina. Para transplantar a cultura de dois millenios do velho mundo ao novo, assiduamente coadjuvaram os fundadores e collaboradores da firma. Foi em 1863 que o Sr.Martim Bromberg partiu para Porto Alegre e n’aquella cidade...”
A empresa prosperou e importou de ferramentas para a agricultura a locomóveis, máquinas, locomotivas, geradores para usinas elétricas, automóveis e uma infinidade de itens. Da Capital, expandiu-se para Rio Grande, Pelotas, Uruguaiana, Santa Maria, Passo Fundo, Cachoeira, São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Bahia e Belo Horizonte, além de Buenos Aires e Rosário, na Argentina.
Em 1870, fincaram pé na Alemanha, juntando fornecedores e criando a sua própria casa importadora-exportadora, em Hamburgo.
A obra trata das condições econômicas no período do Império e, depois, durante a República. Verdadeiro (e fantástico) mergulho no passado.