Ricardo Chaves
“Uma cidade só existe, torna-se palpável, adquire densidade humana e espiritual quando é capaz de resgatar de maneira permanente o seu passado. Sem passado, não há história, sem história, perdem-se a identidade e o futuro. Não se trata, contudo, de exaltar o passado reacionariamente, idealizando os valores patriarcais de elites selvagens. A questão é compreendê-lo, porque através dele se configura a alma urbana, nele nos encontramos e definimos.Nesse aspecto, o trabalho de Sérgio da Costa Franco tem uma dimensão extraordinária. Meticulosa e pacientemente, o pesquisador debruçou-se sobre a história de Porto Alegre e durante anos construiu mais do que um guia, um roteiro histórico, um dicionário da cidade. Foi mais longe. Com a paixão de um Balzac por sua Paris, recompôs, sob a forma de verbetes, a vida na capital gaúcha.”