"Olhou o Tuiatã. Sabia que o avô comparava a própria família àquele pássaro que era discreto, guardava o seu melhor para os seus e os ensinava, desde cedo, a reverenciar a natureza... Para João, o pássaro era diferente dos outros e, sobretudo, das pessoas. Não usava o seu melhor para se exibir, o seu melhor era para cantar o sublime e para celebrar o belo..."
Na próxima quinta-feira, dia 19, a partir das 18h, no Bistrô do Solar (Praça da Matriz, 148, Solar Palmeiro, Centro Histórico), a escritora Hilda Simões Lopes estará lançando o seu mais recente romance histórico, Tuiatã – A História Verídica de uma Família em Terra Ocupada a Casco de Cavalo, Carabinas e Madressilvas, em que narra a saga de sua família, que inicia-se em 1720, despertada pela paixão entre um dragão oficial português e uma cigana. A obra (Editora Libretos, 560 páginas, R$ 58) foi construída através de longa pesquisa bibliográfica e documental.
Hilda traz no sangue a história do sul do Brasil desde a segunda década do século 18, já que seus antepassados participaram da ocupação, formação e defesa do território da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. A intrincada e caótica história dos brasileiros nas minas de ouro e diamantes, no centro do país, e a presença da Inquisição, com suas cartas de familiatura, surgem como cenário de uma real e sofrida história de amor genuíno, onde, para viver, é preciso fugir.
É nas quase desabitadas e perigosíssimas terras do extremo Sul que o casal busca um lugar para viver em paz e construir sua família. Revolucionários, políticos, poetas e pensadores cruzam-se, amam, sonham, morrem e lutam enquanto as gerações se sucedem. As memórias familiares e a história são construídas entre guerras e revoluções.
A formação social, econômica e política do futuro Estado do Rio Grande do Sul é contada através das paixões e tragédias de personagens verídicos, fortes, reflexivos, combativos e, ao mesmo tempo, sensíveis. O Solar Palmeiro original (o atual é fruto de várias reformas) pertenceu à família Carneiro da Fontoura e é cenário de uma das passagens do livro durante a Revolução Farroupilha.
A autora é natural de Pelotas. Advogada e socióloga, foi professora universitária e pesquisadora da área social, com foco em sociologia do desenvolvimento e sociologia da família. Tem oito livros publicados, entre eles, dois romances, uma novela, um livro de crônicas e um de contos. Ganhou o Prêmio Açorianos com o romance A Superfície das Águas (IEL, 1997) e foi finalista no mesmo prêmio com as crônicas Cuba: Casa de Boleros (AGE, 2000).