Em entrevista ao programa Gaúcha+, o secretário extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus de Porto Alegre, Bruno Miragem, detalhou o decreto que restringe atividades no município a partir de quarta-feira (24). Ele afirmou que as medidas devem ser revistas em 15 ou 20 dias, tempo correspondente ao intervalo entre o contágio pelo vírus e a necessidade de atendimento médico.
— Nossa prioridade é garantir a capacidade do nosso sistema de saúde. Se não tivermos conforto para isso, não conseguiremos avançar — afirmou Miragem, reconhecendo que as restrições impõem sacrifícios a diversos setores da economia.
Durante o programa, Miragem reiterou os pontos do decreto. Ele também respondeu a dúvidas de ouvintes.
De acordo com Miragem, as novas medidas foram tomadas devido ao aumento do ritmo de ocupação de hospitais da Capital, que nas últimas duas semanas tem batido recordes. Após divergências com as medidas recomendadas pelo governo do Estado, no fim de semana, a prefeitura decidiu ampliar as restrições de bandeira vermelha, decretando medidas semelhantes às de março, no início da pandemia.
— Percebemos que o decreto não surtia os efeitos necessários pra frear o ritmo de ocupação de UTIs. Temos que rapidamente agir para aperfeiçoar as medidas populacionais e conseguirmos, nas próximas semanas, voltar a achatar a curva e, portanto, reativar nossa capacidade de atendimento — disse.
As atividades foram avaliadas pelo risco de contágio e pela demanda de circulação pelos funcionários, segundo Miragem. Ele reiterou que as restrições são para estabelecimentos, e não serviços. Assim, atividades não regulares, como prestação de serviços domésticos (faxina, pequenas reformas, manutenção do encanamento), podem seguir. Serviços de suporte a atividades essenciais, como serralherias e sistemas de prevenção de incêndio, também estão autorizados pelo decreto.
Serviços como fisioterapia, quando necessário por problemas de saúde, estão permitidos por serem considerados essenciais. Já lojas de aviamentos, que vendem produtos para a confecção de máscaras, por exemplo, só devem funcionar por televenda.
Os parques, que nos últimos fins de semana registraram aglomerações, serão fiscalizados, com possibilidade de ampliação de sanções a quem estiver aglomerado ou sem máscara:
— A partir do novo decreto, haverá coibição de aglomeração com atuação da fiscalização de forma intensa. Inclusive com forma de sanções, seja pra quem está aglomerado, promove aglomerações ou eventos. Não estamos pensando em fechar porque pessoas podem sair de um lugar a ir a outro. Pedimos responsabilidade para as pessoas.
Em relação a escritórios de contabilidade, o secretário explicou que o serviço foi mantido devido à entrega do Imposto de Renda, determinada pela Receita Federal até o fim do mês, com 50% da capacidade de lotação. A partir de julho, os escritórios deverão funcionar com 30% dos funcionários.