As aventuras de Tom Cruise parecem não ter limites. O ator, que dispensa dublês em cenas que beiram o inacreditável, passou por lugares icônicos para rodar o filme mais recente, Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1, já disponível em plataformas digitais de aluguel. O sétimo título da franquia com o agente Ethan Hunt passa por Abu Dhabi, Veneza, Roma e cenários deslumbrantes da Noruega.
Segundo a agente de viagens Virgínia Ribeiro, da Casamundi Turismo e Cultura, não é comum que os clientes procurem por roteiros exclusivamente por causa do cinema, mas lugares marcantes são incluídos ou destacados no planejamento. A empresa tem o costume de montar oficinas para ambientar os turistas dentro da cultura com que terão contato, e os filmes fazem parte dessa experiência.
— Preparamos um roteiro personalizado, ditando os principais pontos do lugar, e colocamos esse tipo de curiosidade. Este ano, tivemos um grupo que foi para a Tunísia, onde foram filmadas cenas de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança — exemplifica.
No caso da Tunísia, houve até sessão de filme, mas não foi com Star Wars. A produção tunisiana Meu Querido Filho foi escolhida para mostrar lugares e também retratar a cultura do país.
Cenários que inspiram
Deserto
Buscar referências do cinema é uma boa dica para quem está desbravando um destino antes de decolar. Além de reconhecer os pontos mais marcantes escolhidos para rodar o filme, dependendo do roteiro é possível perceber traços da cultura local. Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, passado e futuro se encontram – e o diretor de Missão: Impossível 7, Christopher McQuarrie, parece ter visto exatamente nisso a grande sacada.
As tomadas foram feitas tanto no deserto quanto nas obras do Midfield Terminal Building, complexo aeroportuário com capacidade para receber até 45 milhões de pessoas por ano. A inauguração ocorre até o fim de 2023.
No deserto de Rub’al Khali, foram 12 dias de filmagem. Com 650 mil quilômetros quadrados, alcança também o sudeste da Arábia Saudita e, em menor proporção, os países de Iêmen e Omã. A geografia da região enseja cenas com tempestades de areia e dá palco para ataques de helicópteros.
Uma das cenas mais icônicas, que rendeu até mesmo making of especial, foi rodada na montanha Helsetkopen, que fica nos arredores da pequena vila de Hellesylt, na Noruega. Foi lá, a 1,2 mil metros acima do mar, que Tom Cruise saltou de um penhasco a bordo de uma motocicleta, para então abrir o paraquedas.
Durante a preparação, foram 500 saltos de paraquedas e 13 mil de motocross, em uma pedreira na Inglaterra, onde uma estrutura foi montada para amortecer a queda do veículo e simular os enquadramentos de câmera. Na hora em que estava valendo, foram seis tomadas para garantir o melhor resultado.
O paraquedas foi aberto a cerca de 150 metros do chão, na cena considerada por muitos como a mais perigosa já feita pelo ator. Ainda na Noruega, a linha de trem Rauma Railway, considerada a mais bela da Europa, também serviu de cenário para uma eletrizante sequência no final.
Labirinto
Em Roma, foram nove dias de filmagem. Pontos importantes da capital italiana foram fechados para que a produção pudesse trabalhar – ainda que o filme tenha sido rodado no auge da pandemia, o que facilitou bastante a evacuação dos lugares.
Uma troca de tiros próxima à área dos fóruns imperiais é sucedida por uma perseguição bem ao estilo da franquia. As praças, erguidas entre 46 a.C. e 113 d.C., emolduram as cenas eletrizantes. As caçadas do filme também têm como pano de fundo o Coliseu, as escadarias da Piazza di Spagna e a igreja Trinità dei Monti, construída no século 16.
Já Veneza mostrou-se um verdadeiro labirinto. O que poderia ser um problema virou recurso da narrativa: nada melhor do que um lugar onde é fácil se perder para filmar cenas de gato e rato, com encontros, desencontros e artimanhas para despistar o inimigo.
Recomendações aos turistas
Não precisa subir em uma moto e saltar de um penhasco. Tom Cruise faz questão de gravar as próprias cenas e se diverte com isso. Mas o turismo nos lugares onde ele se aventura pode ser tão divertido quanto assistir a seus filmes, só que com menos riscos.
Em qualquer um dos destinos de Missão: Impossível 7 – Abu Dhabi, Roma, Veneza e a Noruega –, a primeira dica é evitar os períodos de temperaturas intensas. Meia-estação é a pedida: primavera e outono, especialmente este último.
— O turista foge da alta temporada e não pega temperaturas muito severas, consegue aproveitar melhor — explica Virgínia Ribeiro, agente de viagens da Casamundi.
Segundo ela, o planejamento deve ser feito com atenção porque, com uma boa assessoria, é possível conhecer os lugares sem precisar comprar um city tour. Veneza, por exemplo, é uma cidade que pode ser explorada sem guia, se tiver uma boa orientação prévia. Já em Abu Dhabi, o passeio em veículos 4x4 no deserto precisa ser contratado – não é possível alugar um veículo e fazer o trajeto por conta própria.
Por falar na cidade dos Emirados Árabes Unidos, ela chama atenção por ter sido construída onde não havia absolutamente nada, assim como a vizinha Dubai. O passeio no deserto é um dos atrativos mais emblemáticos e inclui um jantar beduíno, em tendas típicas da região, mas com cardápio que se adapta para atender ao gosto ocidental.
A partir da década de 1990, a região ganhou destaque ainda maior com atrações diferenciadas. O parque da Ferrari é uma delas, com montanha-russa que reproduz a sensação de pilotar um carro de Fórmula 1 a mais de 300 km/h. Também não pode faltar no roteiro uma visita à Mesquita Sheikh Zayed, cujo lustre principal é cravejado de cristais Swarovski. O acesso à imponente edificação é gratuito, mas requer atenção com a cultura local, especialmente a vestimenta.
Ainda que não caiba em qualquer bolso, o hotel Emirates Palace Mandarim Oriental merece uma visita. Construído em estilo otomano, mas recheado de luxo, tornou-se ponto turístico. As diárias partem de cerca de R$ 2,5 mil por pessoa.
Para quem procura um passeio mais cultural, a filial do Museu do Louvre em Abu Dhabi faz jus ao original francês. Mas se a ideia é curtir um clima tropical ao melhor estilo brasileiro, é possível vestir roupas de banho na beira da praia, tranquilamente. Apesar das restrições culturais locais, não há qualquer impedimento – a diferença é que os trajes de banho só podem ser usadas na faixa de areia e na água.
— Não dá para sair no calçadão de biquíni, mas ninguém vai te abordar na praia. E é bom evitar o verão, quando as temperaturas beiram os 50°C. Entre novembro e março é a melhor época — recomenda Virgínia.
Quanto à porção italiana do filme, a especialista explica que Veneza tem as chamadas armadilhas de turista, as atrações mais clichês, mas que precisam ser feitas por quem vai pela primeira vez. Afinal, não foi por acaso que essas atividades se tornaram clássicas. O passeio de gôndola é um desses casos.
Entre os cartões-postais, o Palazzo Ducale sedia um baile de gala. A construção, finalizada no século 14, representava o poder do império mercante e hoje é um museu, com obras expostas em seus salões que impressionam pela beleza da arquitetura gótica. A Basílica de São Marcos, o Gritti Palace e a Ponte Minich também aparecem no filme. E quem quiser ver Veneza de frente, para contemplar suas nuances, pode optar por se hospedar no Hilton Molino Stucky Venice, que fica em uma ilha voltada para a cidade, a cerca de 1,5 km do centro.
Em Roma, o Coliseu obviamente é uma atração inegociável. A construção de mais de 2 mil anos já suportou guerras, terremotos e muitas outras adversidades para se manter como um marco da imponência do império romano.
— Acho até que era por isso que os antigos romanos a chamavam de Cidade Eterna. Diziam que podia acontecer o que fosse com o mundo, que a cidade de Roma duraria pela vida inteira. Olhando a arqueologia da cidade, se tem certeza disso — observa Virgínia.
Mas Roma tem mais. O bairro boêmio de Trastevere reúne jovens em suas belas cantinas, enquanto o Castelo de Sant’Angelo guarda a história da casa onde os papas residiam antes da construção do Vaticano – e serviu de cenário para o filme Anjos e Demônios, inspirado no romance homônimo do escritor Dan Brown, o mesmo de O Código Da Vinci.
Voltando a Missão: Impossível, Tom Cruise e sua turma foram à Noruega para filmar mais cenas eletrizantes. Um dos cuidados ao se visitar o país, alerta Virgínia, é evitar o inverno do Hemisfério Norte, quando a incidência de luz é muito pequena – há regiões com quatro ou cinco horas diárias de sol. Julho é a melhor época, mas datas próximas, para evitar o período de pico das férias escolares, também são alternativa.
Em Oslo, não se pode deixar de visitar o Parque Vigeland, que reúne 212 esculturas de bronze do artista norueguês Gustav Vigeland. Com 320 mil metros quadrados, é ideal para passeios e piqueniques, além de apreciar a obra do escultor que dá nome ao local. Outro tipo de retrato, feito com tinta e tela, também se destaca: a pintura O Grito, feita em 1893 pelo também norueguês Edvard Munch, pode ser vista de perto na Galeria Nacional de Oslo.
Quanto custa?
Roma e Veneza
- Pacote de cinco dias em cada cidade
- Passagem aérea, ida e volta desde Porto Alegre, em classe econômica, incluindo taxas
- Hotel de categoria turística, com café da manhã, localização central e acomodação em apartamento duplo
- Cotação para março/2024: cerca de 1,6 mil euros p/pessoa (cerca de R$ 8,4 mil na cotação atual)
Dubai e Abu Dhabi
- Cinco dias em Dubai e dois em Abu Dhabi
- Passagem aérea ida e volta desde Porto Alegre em classe econômica, com taxas
- Hospedagem em apartamento duplo
- Pacote com traslados e passeios
- Cotação para março/2024: cerca de US$ 2,3 mil p/pessoa (cerca de R$ 11,2 mil na cotação atual)
Oslo
- Permanência de sete dias
- Passagem aérea ida e volta desde Porto Alegre, em classe econômica, com taxas
- Hospedagem em hotel categoria turística, com café da manhã, localização central e apartamento duplo
- Cotação para maio/2024: cerca de 1,6 mil euros p/pessoa (cerca de R$ 8,4 mil na cotação atual)
Fonte: Casamundi Turismo e Cultura