Uma semana após o rompimento de cabos da ponte pênsil entre Torres, no litoral norte gaúcho, e Passo de Torres, no sul catarinense, a investigação concentra-se em dois pontos. Segundo o delegado de Passo de Torres, Maurício Pretto, a apuração busca saber a exata capacidade suportada pela ponte pênsil que conecta as localidades e a ocupação do local na madrugada do acidente. Na madrugada do dia 20 deste mês, dezenas de pessoas caíram no Rio Mampituba. Brian Grandi não sabia nadar e estaria atravessando a ponte quando houve o acidente. Seu corpo foi localizado no mar na quinta-feira (23).
O inquérito está em andamento. A reportagem teve acesso aos depoimentos de parte das pessoas que já foram ouvidas. Em comum, muitas citam a dificuldade de visibilidade da placa no lado de Passo de Torres, que indicava o limite de ocupação, previsto em no máximo 20 pessoas sobre a ponte.
Nos relatos, as testemunhas dizem que a placa estava mal colocada e com a pintura um pouco apagada. Uma delas afirma que só sabia do limite de pessoas porque já conhecia a região, mas que a maioria entrava na ponte sem perceber.
— A placa está apagada mesmo. Não é uma coisa bem visível, já é uma placa pequena e o letreiro está apagado — diz o delegado.
Os relatos também são quase unânimes ao citar que algumas pessoas estavam balançando a ponte momentos antes de ela virar. A maior parte das testemunhas estima que havia de 40 a 50 pessoas sobre a travessia, e não cem como se falava inicialmente. A polícia trabalha com uma estimativa de até 60 pessoas.
Depois que todas as testemunhas forem ouvidas, novas etapas estão previstas, como questionamentos feitos à perícia de engenharia do IGP. Uma questão é se a estrutura aguentaria o peso dos ocupantes, mesmo que houvesse apenas 20 pessoas no local. Também será verificado se o excesso de pessoas foi o único causador do rompimento.
— Essa questão das 20 pessoas é uma coisa que ninguém explicou até agora. Qual a capacidade de peso que a ponte suportava? Dizer que são 20 pessoas é fácil, mas com base no quê? Qual a tensão, qual a força, qual o peso que essa ponte resiste? — questiona o delegado de Passo de Torres.
No lado da cidade gaúcha, um ofício também está previsto para questionar a prefeitura de Torres. A polícia quer conhecer detalhes sobre a colisão de um barco na ponte, no dia 2 de fevereiro, e se isso pode ter afetado de alguma forma a estrutura.
Também se questiona como é feita a manutenção, qual a frequência dela, como é a divisão entre os municípios e se há câmeras no local. O inquérito deve ser concluído até o final do mês de março. A polícia deve investigar como homicídio culposo, sem intenção de matar.