Verão

Acidente na ponte pênsil
Notícia

“Vi duas crianças abraçadas”, relata morador que pulou na água para ajudar nos resgates 

Ponte tem limite de 20 pessoas, mas número era muito maior no momento do acidente

Kathlyn Moreira

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Jonathan Heckler / Agencia RBS
Gabriel Viana, 22 anos, ajudou pessoas que caíram na água após a ponte pênsil virar

O barman Gabriel Viana, 22 anos, não imaginava que estaria prestes a auxiliar dezenas de pessoas quando saiu após o expediente na madrugada da última segunda-feira (20), no Litoral Norte gaúcho. 

Ele estava acompanhando um colega de trabalho até em casa quando passou pela ponte pênsil, que fica entre Torres e Passo de Torres. O jovem conta que chamou a atenção a quantidade enorme de pessoas que estavam em cima da passagem em razão dos eventos de Carnaval no estado vizinho. 

— Tinha 70 a 100 pessoas, e eu já estava avisando “ó gente, a ponte é para 20 pessoas, eu sei que vocês estão no Carnaval, estão alcoolizados, mas acalma um pouco”. Ninguém estava dando muita bola, tavam pulando e balançando — relata Gabriel.

O barman e o colega saíram de Torres e foram em direção a Passo de Torres, em Santa Catarina, onde aconteciam os festejos. Após ouvir o barulho do rompimento dos cabos e os gritos, o jovem voltou e quis ajudar as pessoas que caíram na água jogando boias dos barcos que estavam no Rio Mampituba. 

— A ponte já tinha virado, só vi as pessoas penduradas pedindo socorro — comenta. 

Em meio aos resgates, uma cena chamou a atenção do morador de Torres, que não hesitou e pulou na água.

— Eu vi duas crianças abraçadas. Eu não ia pular na água porque é perigoso, né?  A gente tem a noção de natação para nós mesmos. O rio estava tocando e elas estavam indo — relembra.

Mesmo sendo arrastado, Gabriel pediu socorro e conseguiu ajuda de outras pessoas para subir de volta à margem com as crianças, que ele estima terem entre 10 e 13 anos.  O jovem conta que sentiu câimbras nas pernas pelo “peso” da correnteza após o resgate. 

— A gente se sente em choque porque parece que o cara fala e acabou acontecendo. No momento, eu estava tremendo tanto pelo frio e pela água e também porque tinha muitas mães berrando e pessoas querendo se atirar na água para ajudar. 

Determinado a seguir auxiliando, Gabriel não teve tempo nem de saber os nomes das crianças, tampouco se eram da região ou se estavam a passeio pelo local. 

— Nos primeiros momentos, as pessoas falavam para eu não pular, mas não tive muito o que pensar — afirma.


Buscas seguem para encontrar último desaparecido 

Após o acidente na ponte pênsil do Rio Mampituba, as buscas seguem de forma ininterrupta na região e entram no segundo dia para tentar localizar o jovem Brian Grandi, 20 anos. Na manhã desta terça-feira (21), mergulhadores do Corpo de Bombeiros retornaram à água para aproveitar a maior quantidade de luz com o clarear do dia. 

Embarcações da corporação e do Comando Ambiental da Brigada Militar ampliaram a área de procura. Um helicóptero e um drone também são utilizados para estender o campo de visão sobre as águas. O delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, responsável pela investigação, confirmou que o rastreamento do celular de Brian registrou a última localização na região da ponte. 

— A timeline do Google deu a última localização às 2h21min no Rio — esclarece.

A bicicleta de Brian foi encontrada nas imediações ainda na segunda-feira e seguia posicionada perto da ponte nesta manhã.  Uma sinalização nas entradas da ponte indica capacidade máxima de 20 pessoas. A restrição foi superada no momento do acidente, como mostram vídeos divulgados nas redes sociais, em que os pedestres balançam a ponte ao caminhar. 

O Instituto Geral de Perícias (IGP) fez a análise ainda na segunda-feira e recolheu um cabo de ferro rompido da estrutura, que será avaliado no Centro de Excelência em Perícias Criminais. O laudo deve sair em 30 dias, segundo a Polícia Civil.


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