Em função do aumento no número de visitantes, a cidade de Tramandaí, no Litoral Norte, opera com recolhimento de lixo diário desde o início da temporada de verão. A coleta de resíduos orgânicos é feita diariamente em todos os bairros. Além disso, neste ano, o município também conseguiu ampliar a quantidade de caminhões que fazem a coleta seletiva — o serviço, contudo, é ofertado aos bairros semanalmente.
De acordo com Rafael Viecelli Konrath, sócio-proprietário da TransAmbiental, empresa que presta o serviço de coleta para Tramandaí há quase cinco anos, neste período, são 11 caminhões para o recolhimento de lixo orgânico e dois para a coleta seletiva, sendo que um deles deve operar somente durante o período mais intenso de veraneio, até 15 de fevereiro. Ele comenta que, na alta temporada, costumam ser recolhidos de três a quatro toneladas de lixo pela coleta seletiva.
— Temos um caminhão de coleta seletiva para atender a cidade, mas, neste ano, a prefeitura conseguiu colocar um segundo caminhão por mais 45 dias, para atender essa primeira demanda. Foi o primeiro ano que se conseguiu acrescentar mais um caminhão — explica.
A coleta seletiva de Tramandaí segue um esquema de roteiro, ou seja, a cada dia da semana até cinco bairros são atendidos. Konrath afirma que o segundo caminhão servirá de apoio para ampliar o serviço, pois em outros anos não conseguia atender algumas regiões semanalmente. Nesses casos, a coleta seletiva era quinzenal.
— O dia da coleta seletiva varia conforme o bairro. Na segunda-feira, fazemos quatro bairros que têm mais moradores. Na sexta, fazemos os bairros menores. Cada dia tem um roteiro e, no final de semana, fazemos as avenidas principais do Centro da cidade, para recolher o lixo mais pesado do comércio — diz.
Lixo orgânico é coletado diariamente
A coleta de lixo orgânico é feita diariamente durante a temporada de veraneio, sem esquema de bairros. Por isso, o número de funcionários da coleta aumenta neste período, passando de 28 no inverno para 48 no verão.
O horário da coleta também varia bastante em função do número de pessoas. Isso porque, se tem mais lixo na cidade, o trabalho acaba sendo mais devagar. Konrath comenta que o dia mais pesado é a segunda-feira, nos demais, a quantidade varia entre 90 e 100 toneladas diárias.
Na baixa temporada, 40% da cidade tem seu lixo recolhido diariamente. Os outros 60% são divididos: uma parcela é atendida segunda, quarta e sexta, e, a outra, terça, quinta e sábado. No domingo, só há coleta nas principais avenidas. O número de caminhões no período também reduz de 11 para seis.
Falta conscientização
Konrath ressalta que a diferença entre a quantidade de lixos ainda é bem significativa. Na segunda-feira (9), por exemplo, 115 toneladas de lixo orgânico foram recolhidas, contra cerca de 2,6 toneladas de lixo seletivo. Segundo o sócio proprietário, a grande dificuldade está relacionada à falta de conscientização e à variação do número de pessoas presentes no município:
— O pessoal que vem para passar o final de semana precisa colocar o lixo para rua no domingo ou na segunda-feira de manhã, só que tem bairros em que a coleta seletiva só vai ser feita na quinta ou na sexta. Então, é difícil, ninguém vai guardar o lixo e ficar esperando.
O catador Paulo Michael Pedroso Nunes, 41 anos, é morador de Tramandaí e trabalha o ano todo. Na visão dele, a separação de lixo aumenta no verão, porque os veranistas têm um costume maior em relação a isso:
— No inverno é difícil, tem que colocar a mão no meio dos resíduos, se sujar e, às vezes, tem até vidro. Os moradores daqui não costumam separar, só os veranistas, que deixam tudo separadinho. Aí facilita, não se machuca, não se suja. Eu já cortei a mão várias vezes, porque eles não separam.
Konrath garante que, desde que sua empresa começou a operar em Tramandaí, o serviço de coleta seletiva nunca foi interrompido. Ele acredita que as pessoas podem achar que não é feito porque veem um maior número de caminhões de coleta orgânica, enquanto a seletiva segue sendo uma vez por semana. Uma solução para reverter o problema seria diminuir o número de caminhões da orgânica e aumentar o da seletiva.
— Uma coisa boa é que todo o lixo da cidade é triado, tanto da seletiva quanto da orgânica. O pessoal da cooperativa implantou duas esteiras e eles tiram o material que é mais valioso, como garrafas pet e alumínios. Todo o lixo é levado para o transbordo da CRVR (Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos) e o que é rejeito é levado em carretas para Minas do Leão — aponta.
De acordo com o secretário municipal de Obras e Serviços Urbanos Márcio Soares Gomes José, a prefeitura de Tramandaí frequentemente adota medidas didáticas de divulgação sobre a separação do lixo e descarte de resíduos. Mesmo assim, muitas pessoas seguem descartando de forma irregular o lixo orgânico e o reciclável, o que dificulta o trabalho da empresa e das Secretarias de Obras e do Meio Ambiente, que precisam levar os resíduos para os destinos finais.
— Agora nesta semana a Secretaria do Meio Ambiente distribuiu em diversos pontos da cidade containers seletivos para o descarte de vidros e foi divulgado amplamente nas redes sociais. Então, a gente procura divulgar, mas o cidadão infelizmente não tem essa cultura — lamenta.
O secretario afirma que os ecopontos de descarte, que são distribuídos pelas cidades, ainda não foram adotados, mas que se trata de uma medida que a prefeitura está procurando adquirir, por meio de recursos.
Como descartar
Para Konrath, o ideal seria que os moradores tivessem duas lixeiras: uma para a coleta orgânica e outra para a seletiva. Outra opção é ter um saco azul para indicar o resíduo reciclável.
— E não pode colocar o lixo nos canteiros centrais da cidade, que são para passeio. O lixo tem que estar disposto na frente de cada casa ou comércio para que o caminhão passe e recolha — orienta.
Caixas de papelão, mesmo que grandes, e vidros são recolhidas pelos caminhões da coleta seletiva. Mas resíduos de obras e itens eletrônicos, por exemplo, não. Materiais como móveis velhos, podas de árvores e outros entulhos podem ser descartados de forma gratuita junto à central de entulho de Tramandaí, que fica na Rua Salvador Pereira Guimarães, esquina com a Avenida João de Magalhães.