Quando se pensa em comida típica de praia, alguns petiscos já são tradicionais para o veranista do litoral gaúcho: caipirinha, cervejinha gelada e a porção de violinha ainda são os queridinhos do público dos quiosques de Capão da Canoa. Porém, com a alta dos preços dos insumos, os vendedores tiveram que reajustar valores e o conhecido peixe empanado foi um dos que mais subiu.
Em estabelecimentos de Capão da Canoa visitados por GZH nesta sexta-feira (30), o valor da violinha passou de uma média de R$ 40 para R$ 50 a R$ 55 neste verão. Para Régis da Silva Inácio, 40 anos, proprietário do Quiosque do Régis, compensar a inflação — ainda mais no prato que é o favorito — é um desafio, mas não afetou a grande procura dos clientes no local.
— Não adianta vender um prato muito caro e não ter giro — explica.
O comércio espera um 2023 de maior prosperidade. Com a mudança de cenário da covid-19, Régis está mais otimista e até aumentou a equipe, contratando três funcionários para ampliar o atendimento.
— Com a função da pandemia que passou, o pessoal está vindo com mais confiança, principalmente o de mais idade — comemora.
Em Capão da Canoa, a prefeitura espera cerca de 1 milhão de pessoas durante o período de Réveillon. Na manhã desta sexta-feira, a quantidade de guarda-sóis e tendas lado a lado já crescia na areia. A elevação de público é vista com bons olhos por Max Machado, 54 anos, dono do quiosque do Vavazão.
— A gente está esperando um movimento além do normal, um aumento de 40%. As nossas duas datas mais fortes são agora e o Carnaval. Elas são 70% do faturamento do verão.
Machado conta que o prato criado pelo quiosque que junta batata frita, violinha e conservas é o campeão de pedidos, mas o preço teve que acompanhar a situação econômica atual, subindo de R$ 70 para R$ 90, em relação ao ano passado.
— A violinha, o camarão, papa-terra, tudo o que é tipo de peixe deu uma alta bem razoável — analisa.
A cerveja, que também tem bastante procura entre os consumidores do local, subiu de 8% a 10%, segundo o proprietário, que aposta em estratégias para agradar o público, como fornecer gelo para quem traz cooler e investimento no armazenamento das bebidas para garantir a temperatura ideal.
Estreando em Capão da Canoa após vencer licitação, o quiosque Batatinha 24 decidiu inovar no cardápio para fidelizar a clientela, como drinques diferenciados, salgadinhos fritos, maionese com receita própria e mini-churros.
— Tem a nossa cartela com drinques que normalmente não têm na praia, com Mojito, Negroni, e Frozen, que é o novo com leite condensado e limão. Esse está saindo bastante. O pessoal pede e volta — comenta a gerente Bárbara Franz Eisnfeld, 21 anos.
Sobre os preços mais elevados dos produtos, a comerciante explica aos clientes que é preciso manter a qualidade dos ingredientes e relata que faz uma pesquisa nos outros quiosques para ter uma média de valores. No caso deles, as caipirinhas variam de R$ 16 a R$ 25, e os coquetéis de R$ 25 a R$ 30.
Sobre a expectativa de movimento, Bárbara observa que o período de Natal ficou abaixo do esperado, muito também em razão da chuva dos últimos dias que espantou os veranistas. No entanto, a jovem está confiante com relação ao Ano-Novo e vai aproveitar que o quiosque fica bem próximo à estrutura dos shows na beira da praia para tentar vender mais.
—Para o Ano-Novo, vamos ampliar o horário e ficar servindo bebidas durante a noite — adianta.
Invasão das churrasqueiras

Se os quiosques têm os seus petiscos favoritos, nas areias há um costume que está recebendo ainda mais adeptos neste verão: assar carne nas churrasqueiras portáteis. Há pontos na beira da praia em que dois ou mais tendas contavam com espetos, carvão e preparativos para a hora do almoço desta sexta-feira.
Uma dessas famílias era a do autônomo Thiago Thomé, 37 anos, morador de Santa Cruz do Sul. Por volta de 11h, ele e os parentes já estavam preparando o fogo e espetando salsichão e vazio para o grupo de mais de 10 pessoas instalado na tenda em Capão da Canoa.
— Sempre tem. Não pode faltar cerveja, carne e música! — conta o veranista, acompanhado de uma canção gauchesca ao fundo, na caixa de som.
O churrasco também é uma das tradições de outra família perto dali.
— É mais gostoso, até porque aqui não vende. Fomos para Santa Catarina no Natal e lá tem. Aqui é lanche e fritura, então é melhor — comenta a digitadora Laiza Aguirre Gouvea, 53 anos, que também gosta de consumir as bebidas sempre no mesmo quiosque.
Para quem não consegue transportar a churrasqueira até a praia, o comércio tem solução. A barraca do Di, que aluga guarda-sóis e cadeiras também fornece os equipamentos, com valores que variam de R$ 25 a R$ 30, podendo sair um desconto para quem faz o pacote com outros itens. Já o aluguel da cadeira e do guarda-sol vai de R$ 10 a R$20.
— Acho que é por causa do fim de ano — cogita o funcionário Miguel Chwingr Ferreira, 16 anos, que está notando uma procura maior pelas churrasqueiras.