Conhecido ponto de referência e de passagem de veranistas até a beira da praia, a Praça do Farol, em Capão da Canoa, no Litoral Norte, tem sido alvo de vandalismo. O antigo farol está tomado por pichações, os bancos estão danificados e em várias partes da grama são encontradas bitucas de cigarro e lixo.
Moradora da região, a advogada Tânia Maria Moura do Nascimento, 52 anos, conta que a situação está preocupante desde a metade de 2020, quando grupos passaram a se reunir durante a noite para fazer festas no local. Ela afirma que buscou o poder público desde então e enviou à prefeitura um abaixo assinado com 259 assinaturas de vizinhos pedindo providências, em outubro de 2022.
— Dois dias depois, veio uma equipe que começou a pintar os bancos, inclusive os quebrados, sem limpar, nem lixar. Aí eu mandei uma mensagem e recebi a resposta que iriam providenciar — sustenta a moradora.
Tânia diz que os bancos quebrados foram removidos após a solicitação, mas outros já estão com problemas novamente. A moradora ainda comenta que a estrutura dos balanços do playground infantil desabou pouco tempo depois da visita das equipes, em novembro.
— Eu tinha avisado eles — lamenta, mostrando os registros das reclamações no portal da prefeitura.
Os quiosques de alimentação também sofreram pichações e não estavam funcionando ao longo do ano, de acordo com os moradores. O tipo de comércio que é autorizado pela gestão municipal foi reaberto em dezembro, após pintura das paredes.
Vivendo há sete anos em frente à praça, a aposentada Marisa Dias, 65 anos, é conhecida por ajudar na manutenção do local. A moradora realiza a limpeza juntando os resíduos do chão:
— Agora a prefeitura tem uma empresa terceirizada que recolhe o material das lixeiras, mas o resto o vento vai levando. Esse espaço aqui nós que limpamos. Juntamos quatro sacos de lixo. Aí vieram de noite e já tinha toco de cigarro. É muito triste.
GZH entrou em contato com a empresa Gol Construções, que foi a última adotante da praça. O proprietário, Claudiomir Zanini, explicou que a desistência ocorreu pela dificuldade de conciliar as demandas.
— Teria que envolver uma associação de moradores, e não uma empresa privada. Não há uma legislação de conduta, então uma associação teria um poder maior — opina Zanini.
Conforme frequentadores, a praça contava com a atuação de uma associação de moradores, mas com a morte de algumas lideranças há alguns anos, o movimento perdeu a força.
O que diz a prefeitura
A gestão explica que, até 2021, a responsabilidade pela manutenção das praças era da Secretaria do Turismo. No entanto, com uma reformulação no Executivo em 2022, a função passou para a Secretaria de Cultura, Desporto e Lazer.
O secretário de Turismo, Marcelo Ramos, respondeu que o antigo adotante da Praça do Farol foi “retirado” devido à falta de investimento no local. “Enquanto esteve sob nosso controle, mais ou menos um mês e meio, fizemos algumas reformas nos balanços e colocamos vários bancos”, manifestou o secretário, por meio de nota.
Em retorno também pela assessoria de imprensa, o secretário de Cultura, Desporto e Lazer, Joel Novaski, salientou que foram realizadas quatro manutenções da praça em 2022. Segundo o titular da pasta, o maior problema é o vandalismo, por isso a gestão estuda a possibilidade de substituir a pracinha das crianças ou formar uma parceria para adoção.
Em nota, a secretária interina de Segurança, Aline Serra, afirmou que a cidade quer implantar a Guarda Municipal para “zelar e preservar dentro de suas funções os locais públicos de lazer coletivo”. Com relação a denúncias de moradores de que haveria comércio de drogas na praça, a titular disse que “todo o ato ilícito pertinente à ação civil, criminal está sob a guarda da Brigada Militar e da Polícia Civil, agindo de forma estratégica frente à demanda quando assim for constatada”.
A secretária ainda diz que a prefeitura faz uma ação conjunta integrada com a Secretaria de Segurança, Mobilidade e Tecnologia, Brigada Militar (BM), Polícia Civil, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico e Secretaria de Cultura, Lazer e Esporte, com “cada qual agindo dentro de sua institucionalidade conforme cada caso”.
O que diz a BM
Responsável pela região de Capão da Canoa, o comandante do 2° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (2°BPAT), tenente-coronel Noé Jesus da Costa, frisou que a BM está reforçando o patrulhamento na Praça do Farol e destacou que a corporação mantém contato com moradores desde 2022 para tentar atender as demandas. De acordo com o comandante, abordagens são realizadas na área, ocasionando recentemente em uma prisão em flagrante por roubo e apreensão de entorpecentes.
Neste sábado (14), frequentadores da praça relataram que já perceberam maior movimentação de viaturas no entorno na última sexta-feira.
Confira a nota completa da Brigada Militar
"Referente à Praça do Farol em Capão da Canoa, a Brigada Militar tem direcionado esforços com vistas a atender as demandas dos moradores locais. No que diz respeito a perturbações do sossego e outro delitos que possam estar acontecendo naquele local.
Que no segundo semestre do ano de 2022, o comando da 1ª CIA/2º BPAT recebeu representantes dos moradores do entorno daquela praça, onde foi solicitado apoio da BM no que diz respeito à segurança local.
Que a Brigada tem intensificado policiamento, visando coibir o uso de drogas ilícitas, perturbação do sossego, desordens e crimes contra o patrimônio. Que em pesquisa aos sistemas de indicadores criminais se verificou apenas duas ocorrências de roubo naquele endereço, sendo que na última o autor foi preso em flagrante pela Brigada Militar.
O comando da BM local vem mantendo contato com os órgãos municipais visando ações em conjunto e melhorias na praça do farol. (ex. melhorias na iluminação pública). Dentre as ações da Brigada naquele endereço pode-se citar nos últimos dois meses:
- Diversas abordagens policiais;
- Barreiras policiais nas proximidades da Praça, resultando autuações de trânsito;
- Apreensões de entorpecentes com lavratura de Termo Circunstanciado;
- Uma prisão em flagrante por roubo a pedestre.
Cabe citar que a praça em questão, se encontra em endereço de muita movimentação de pessoas, sendo muito utilizada por jovens para reunirem-se, o que por si só já acaba gerando barulho o que acaba perturbando os moradores próximos.
Durante a Operação Golfinho a Brigada militar tem reforçado o policiamento no local, com emprego de patrulhas policiais, policiamento montado e policiamento a pé, com o intuito de melhorar a sensação de segurança da comunidade local."