Há quase duas décadas, Flávio Sirangelo Bauermann, 50 anos, desenvolveu um hobby diferente: caçar brindes distribuídos pelos aviões que fazem publicidade aérea nas praias gaúchas. Morador de Porto Alegre, o funcionário público veraneia em Imbé, no Litoral Norte, desde a infância. Ele começou com a brincadeira no início dos anos 2000. Agora, ele busca os itens na companhia do filho, que tem 19 anos.
Bauermann entrou em contato com a reportagem de GZH para contar sua história após ler a reportagem De publicidade empresarial a pedido de desculpa: as histórias por trás do avião que carrega faixas pelo litoral do RS, publicada na última segunda-feira (9). Segundo o gaúcho, a caça aos objetos foi levada tão a sério nos últimos anos que lhe rendeu até um apelido entre os amigos, que o chamam de o Rei do Paraquedas.
O apelido faz referência à forma como os brindes são lançados do avião, com miniparaquedas até a beira da praia. Bauermann acredita que já tenha conseguido, no mínimo, 30 itens desde que começou a brincadeira, mas não guardou todos. Já os paraquedas, ele coleciona.
— Lembro que quando meu filho era bem pequeno e ia para o colégio com um estojo que foi largado assim, e eu peguei. O primeiro eu não tenho a lembrança exata de como foi, mas foi na areia. O avião larga e, dependendo do vento, cai dentro do mar, no calçadão, na avenida, mas a maioria cai na areia — afirma.
Nem sempre é fácil: o gaúcho já teve que buscar um dentro do mar. Além de estojos, o gaúcho já ganhou camisetas, protetor solar, sabonete líquido e bolas na praia de Imbé. Seu brinde mais valioso foi um ingresso para o Planeta Atlântida, que acabou dando para um amigo.
— Quando peguei o primeiro, achei muito divertido. Minha família incentiva, dá risada e acha muito legal. Não dou nem bola para o que é o brinde, eu gosto é do prazer de pegar, de conseguir conquistar aquele prêmio. Já aconteceu de ter um monte de gente na praia e um pegar o paraquedas e outro o brinde, daí cada um puxava para um lado. É disputado, mas briga nunca aconteceu — diverte-se.
O último presente que Bauermann conseguiu foi uma garrafa squeeze vermelha, no verão do ano passado. Esse é o único item que ele ainda tem, já que as outras coisas foram sendo usadas ao longo dos anos. Ele comenta que, conforme a faixa que o avião carrega, já sabe identificar se haverá distribuição de itens ou não.
O gaúcho relata que, no dia em que conseguiu a garrafa, em 2022, tinha bastante vento. Por isso, quando o avião largou o paraquedas, logo correu para o calçadão:
— Ele voou para trás de uma casa e eu não vi mais. Daí eu dei a volta na quadra e vi que estava no meio da rua. Voltei com ele na mão, perguntando “quem disse que eu não ia conseguir pegar?”
Bauermann ressalta que, antigamente, a distribuição dos presentes era muito frequente — por isso, já lucrou mais de um item por dia. Também conta que o filho Arthur Sandi Bauermann cresceu vendo a brincadeira e, hoje, os dois correm juntos atrás dos paraquedas.
— Fico enlouquecido quando vejo um avião, daí já levanto, vou para a beira da água, olho para a bandeira da guarita dos guarda-vidas para ver para que lado está o vento e a velocidade, e já fico imaginando onde vai parar. É uma coisa bem legal, eu adoro e me divirto muito — finaliza.