Os últimos dias têm sido incômodos para os moradores do bairro Nova Guarani, em Capão da Canoa, no Litoral Norte. Uma onda de mosquitos passou a se instalar em tetos e paredes das casas. O problema, segundo a vizinhança, começou por volta de outubro, se intensificou no último mês e piorou nesta semana.
— Está horrível. Gasto com remédio e vem cada vez mais. Tenho cachorro, gato e passarinho e não posso ficar colocando veneno o tempo todo — afirma a cozinheira Marcia Helena Strunck Rodrigues Robalo, 40 anos.
A moradora diz que em sete anos vivendo na região nunca enfrentou algo parecido. No telhado da área externa, ela mostra centenas de mosquitos grudados e se encostando nas roupas do varal.
— Por enquanto, eles não picam, mas quero ver daqui para frente — suspira.
A vizinha do muro ao lado também reclama da situação.
— Eu não posso nem abrir a janela do quarto. Tem que sair de máscara, porque entra na boca da gente. Não dá para aguentar. Tem que ficar dentro de casa, com ventilador — comenta a aposentada Vera Lucia Nucci de Macedo, 68 anos.
Do outro lado da rua, fica a casa do vidraceiro Diego Witt Etter, 36 anos, que mostra, inconformado, uma nuvem voando ao lado de seu imóvel, além dos que estão alojados nas paredes e nos fundos. Para tentar expulsar os insetos da parte interna, a família colocou telas nas portas.
— A gente fez reclamação, abriu protocolo na prefeitura. Eles vieram e resolveu, foi como mágica. Só que agora voltou — explica o morador.
As casas ficam próximas da estação de tratamento de esgoto (ETE) Guarani. A Corsan admite que nesta época do ano, com a chegada dos veranistas, aumenta o volume de esgoto a ser tratado, mas atribui o problema dos insetos a outros fatores, como lixo acumulado em um terreno próximo. Por meio de nota, a estatal também promete ações preventivas e aplicação de inseticida para combater o transtorno (veja a nota na íntegra abaixo).
Já a prefeitura da cidade, acompanhando o a situação na tarde desta sexta-feira (13), salientou que os mosquitos são da espécie quironomidio, “que não é considerado vetor de saúde pública, porque não pica”. Conforme a gestão, equipes da Corsan estão fazendo a aplicação de uma substância nas casas para ajudar na eliminação dos focos, e ao longo das próximas semanas, haverá o controle com o uso de larvicida para evitar a eclosão.
O que diz a Corsan:
"A Corsan esclarece que não há comprovação de ligação direta da estação com a proliferação de mosquitos identificada pelos moradores. Ressaltamos que na área pública do entorno da Estação existe grande acúmulo irregular de resíduos sólidos, o que pode estar contribuindo com o aumento de vetores. Nesse sentido, será realizada a aplicação de inseticida nessa área, em parceria com a Prefeitura Municipal e Vigilância Sanitária e é importante que os outros fatores geradores também sejam considerados.
Sobre a estação, a ETE Guarani, em Capão da Canoa, é licenciada pela FEPAM para tratamento de esgoto sanitário com disposição do efluente tratado em bacias de infiltração. A Corsan realiza manutenção preventiva das bacias, de forma a qualificar o processo de tratamento e disposição final. A rotina operacional inclui o procedimento de aplicação de larvicidas biológicos para evitar a proliferação de larvas de mosquitos, bem como, adulticida, quando se faz necessário o combate de mosquitos já adultos, sendo que, para esta semana, estava prevista nova aplicação, o que ocorreu no dia 12/01/2023."