Do porco agridoce ao jacaré defumado inteiro, sem esquecer da costela, picanha e linguiças campeiras: o Paleta Atlântida lotou as areias de Xangri-Lá neste sábado (28). Para o Rio Grande do Sul ter o título de sede do maior churrasco do mundo, uma avaliação foi iniciada por volta das 13h, para atestar o público de cerca de quatro mil assadores controlando a brasa ao mesmo tempo.
O selo é dado por uma examinadora do Guinness Book e comprovado pela comissão espalhada pelas churrasqueiras de tijolo enfileiradas em parte dos dois quilômetros de estrutura do evento, desde a plataforma de pesca de Atlântida, em direção ao Sul do Litoral Norte. Mas a maioria dos estandes montou suas parrillas, com espetos verticais, ganchos, grelhas ou em fornos com escotilha abre e fecha, ao estilo norte-americano. A gritaria, via de regra, foi muito parecida:
— Traz o carvão!
Seis mil pessoas se inscreveram para assar, em um espaço que comporta até 4,5 mil pessoas, segundo disse o idealizador do Paleta, Felipe Melnick.
— É uma insanidade nossa, tem gente da Austrália, África do Sul, Gana, e outros países. Trouxemos 15 toneladas de carne, mas o número final vai passar de 40, 50 toneladas, nunca saberemos ao certo, porque as pessoas trazem o que querem — disse, em entrevista ao programa Super Sábado, da Rádio Gaúcha.
A sexta edição do festival tem o dobro do tamanho do ano passado, quando já havia contingente suficiente para bater o recorde mundial. Como não havia um examinador dentro dos parâmetros exigidos na ocasião, o registro ocorreu agora.
Calor e carnes variadas
Além do calor das churrasqueiras, a temperatura da praia também chamou atenção: o sábado é de calor intenso e muito sol na praia de Atlântida, elevando ainda mais a sensação térmica.
Além da tradicional carne bovina, chamaram atenção outras espécies, como répteis e aves incomuns e difíceis de serem encontrados em açougues mais convencionais. O Kozinha Comidas Exóticas distribui cortes trazidos da Amazônia e do Mato Grosso do Sul, e em uma churrasqueira com grelha e varais de ferro, prepararam jacarés inteiros, abatidos ainda jovens em cativeiro, além de coxas de avestruz — de 16 quilos cada —, rãs e pirarucus selvagens.
— O mercado de carnes exóticas cresceu. Não temos o foco do açougue e sim dos chefs e restaurantes. Até porque, na cadeia de exóticos, tudo é caro, porque são poucos frigoríficos no Brasil — explica o proprietário, Leoni Bresolin.
Poucas iguarias ostentaram tanto quanto a servida pelo dono do restaurante La Campaña, Régis Severo: o cozinheiro levou escargot para colocar no fogo. Teve de responder, mais de uma vez, como faria para espetar os caracóis.
— Tem que ter técnica — brinca, explicando na sequência que o preparo é feito em discos de arado.
Quem não adquiriu as pulseiras para degustar de forma livre durante o dia, teve a sorte de encontrar locais que serviam petiscos gratuitamente — aliás, brindes como facas, molhos, temperos e acessórios para churrasco foram entregues como uma forma de divulgação das empresas.
Com 30 quilos de codorna expostos em um fogo de chão, a Tiago Defumados não cobrava nada pela comida preparada. Ficou lotada por quem tinha curiosidade de provar a ave e também as costelas suínas com molho barbecue.
— Mais do que divulgar nossos eventos, o que fica aqui são as amizades — afirma o empresário de Osório, Tiago Oliveira da Silva.
Na área de competição, profissionais reconhecidos como celebridades montaram tendas com todo tipo de apetrecho — manter a fama não é fácil. Marcelo Bolinha estendeu um carrossel de cordeiro e um varal de patos laqueados e Luciano Medeiros foi jurado do setor internacional.
Quadras de futebol de areia e de beach tennis foram usadas pelos esportistas, em meio a shows e apresentações circenses nos palcos. As churrasqueiras e tendas ocuparam a faixa de areia próxima das dunas, deixando livre a porção ao lado do mar para os guarda-sóis e cadeiras dos banhistas.
— Não sei se vou comer, vim só pra olhar. Mas igual to achando muito lindo, é bom pra praia um evento assim — diz a moradora de Xangri-Lá Margarete Braga, 69 anos.