A ousada promessa da prefeitura de Imbé, no Litoral Norte, de que aumentaria em 14 quilômetros a extensão de faixas de ciclovia no município não se concretizou. Em fevereiro do ano passado, o prefeito Luis Henrique Vedovato afirmou que ampliaria a malha cicloviária existente, de 2,35 quilômetros para 16,6.
Um ano depois, apenas 1,45 quilômetro foi entregue, totalizando um trecho de 3,8 quilômetros na cidade. Uma pessoa acostumada a se deslocar de bicicleta levaria cerca de 15 minutos para percorrer toda a extensão atual.
Ainda que não tenha cumprido o que foi anunciado ano passado, a nova promessa é que cerca de 15 novos quilômetros sejam entregues até o fim deste ano (veja os trechos abaixo).
GZH percorreu as ciclovias de Imbé na manhã desta quinta-feira (26). Em alguns pontos, a vias destinadas a ciclistas apresentam boas condições, como nas avenidas Beira-Mar e Osório. No entanto, as demarcações, como sinal de pare, estão desgastados.
Uma moradora da praia reclama que os locais do município que mais precisam de ciclovia não receberam as faixas. Ela conta que pedala todos os dias para ir ao trabalho e também para levar a neta, de cinco anos, à escola.
— Quem mora aqui está o ano todo na praia, não usa a da beira-mar fora do verão, por exemplo. Quase ninguém vem no mar no inverno. Lá no centro, perto de mercado, lojas, trabalhos, não tem ciclovia. Aí temos de andar na calçada ou na rua. Então para a gente é muito ruim — diz a mulher, que trabalha em um quiosque na orla e preferiu não se identificar.
A cidade se distribui em 13 quilômetros de extensão, o que favorece o cultivo do hábito de pedalar por parte dos moradores. É comum vê-los utilizarem o equipamento para ir ao trabalho, ao supermercado, levar as crianças para a escola ou aproveitar areia e mar.
Uma das entregas do último ano foi a da ciclovia na Avenida Osório, perto da prefeitura. Foram finalizados 450 metros que faltavam, de um total de um quilômetro de via para bikes. No trecho, no entanto, uma tampa de bueiro, que fica cerca de 10 centímetros acima do nível da calçada, oferece risco aos ciclistas.
Trecho estreito
Em um dos pontos que mais evidencia a necessidade das faixas exclusivas, ciclistas dividem um estreito espaço com carros, ônibus e caminhões. O trecho fica na Paraguassú, entre a Avenida Caxias do Sul, no Centro, e a Avenida Ovídio Barbieri (antes chamada de Ipiranga). Ali são feitas obras de duplicação da pista, que também ganhará ciclovia em toda a extensão. O prazo de entrega é no fim deste ano.
Pedalando na Paraguassú, próximo a Avenida Brasil, Roger da Silva Guimarães, 28 anos, conta que o trajeto chega a dar medo. Ele utiliza o local para ir e voltar do trabalho todos os dias, um percurso que leva cerca de 15 minutos.
— É péssimo. Caminhão passa do ladinho, com velocidade, a gente sente bastante, dá um medo. Até tem um trecho de ciclovia que eu pego, mas depois acaba. Aí precisa ir costeando o trânsito mesmo. É bem perigoso — avalia Guimarães, que vive em Imbé há oito anos.
O mesmo trajeto pela Paraguassú é feito por Jhonatan Da Costa Vitkoski, 38 anos, também para ir e voltar do trabalho, em uma marcenaria:
— Eu prefiro ir de bicicleta do que de carro, porque é perto, dá uns 10 minutos, e também pelo preço que está a gasolina. Até uso a faixa na beira-mar, mas aí é nas folgas. No dia a dia mesmo é aqui, e aí é complicado. Não deixaram nem acostamento, nada, é pouco espaço. E o motorista não respeita, principalmente caminhão e ônibus.
Outro ponto com obras nesta quinta-feira é a Avenida Beira-Mar, próximo da Rua Bento Gonçalves, onde o asfalto é recapeado e deve receber a demarcação da ciclofaixa nos próximos dias, segundo a prefeitura. O trecho entre as avenidas Carazinho e Não-Me-Toque, que deve ser concluído com bloquetes, será entregue até o final desta temporada, conforme o Executivo.
Prefeito relata problemas
De acordo com o prefeito de Imbé, Luis Henrique Vedovato, também conhecido como Ique, o atraso aconteceu em razão de problemas com a empresa contratada para o trabalho. Segundo ele, foi necessário romper o contrato e fazer nova licitação, aberta no fim do ano passado:
— O que ocorreu foi que, quando licitamos com a antiga empresa, o valor das obras eram mais baixos. Os preços subiram muito e eles pararam de nos entregar o serviço. Então encerramos o contrato. Outro problema foi o período eleitoral, em que não podemos ter repasse de verba, e uma das entregas será feita com convênio junto ao Estado. Nós sabemos da importância dessa entrega, o uso de bicicletas é uma característica nossa aqui em Imbé.
Vedovato afirma ainda que algumas vias precisam antes passar por melhorias no asfalto, para depois receber a ciclovia, o que também atrasa o processo. Após a nova licitação, duas empresas, a Atual (que fará a pavimentação) e a Pedrita (que atua com a colocação de bloco intertravado, os bloquetes), foram contratadas e estão trabalhando nisso, segundo o Executivo.
Além dos 15 novos quilômetros prometidos até o final do ano, a cidade terá mais quatro quilômetros, mas sem data de conclusão definida.
A prefeitura também não informou quais os custos de cada trecho, porque o valor engloba serviços de recapeamento, iluminação e outras melhorias. O convênio junto ao governo do Estado servirá para a abertura de ruas, drenagens e outros serviços além da ciclovia, sendo que o gasto total é estimado em R$ 14 milhões.
Ciclovia em Imbé:
- Trecho existente -3,8 quilômetros
- Deve ser feito até o fim do ano - 15 quilômetros
- Ainda sem previsão de conclusão 4 quilômetros
Confira trechos a serem feitos e previsão de entrega:
Avenida Tramandaí, da ponte até a Avenida Santa Rosa
- Situação - depende de recapeamento asfáltico para receber ciclovia.
- Extensão - 1,4 quilômetro
- Entrega - até o final do ano
Avenida Nilza Costa Godoy, entre a Rua Alegrete e a Avenida Beira-Mar
- Situação - passa por intervenção para ter a ciclofaixa demarcada.
- Extensão - 400 metros
- Entrega - até o final da temporada
Avenida Beira-Mar
- Situação - o trecho entre o Hotel Samburá e a Rua Bento Gonçalves passou por recapeamento nesta quinta-feita e terá a demarcação da ciclofaixa nos próximos dias. O trecho entre as avenidas Carazinho e Não-Me-Toque deve ser concluído com bloquetes
- Extensão - 400 metros
- Entrega - até o final da temporada
Avenida Santa Rosa
- Situação - via entre a Rua Herval e a Avenida Beira-Mar precisa de drenagem para, depois, receber a ciclovia. O trecho entre as Avenidas Tramandaí e Paraguassú deve ser recapeado primeiro, e depois terá a demarcação da ciclofaixa
- Extensão - 2 quilômetros
- Entrega - até o final do ano
Avenida Caxias do Sul, em toda extensão da via, entre as avenidas Paraguassú e Beira-Mar
- Situação - será recapeado para depois ter a ciclovia
- Extensão - 1,9km
- Entrega - final do ano
Avenida Paraguassú, no trecho entre a Avenida Caxias do Sul e a Ovídio Barbieri
- Situação - tem obras de duplicação da pista em execução e, depois, receberá ciclovia em toda a extensão
- Extensão - 4,65 quilômetros
- Entrega - até o final do ano
Avenida Paraguassú, entre a Travessa 5, no Balneário Albatroz, até o limite com a praia de Atlântida Sul, em Osório
- Situação - obra ainda não começou e deve ser feita por meio de convênio entre o município e o governo do Estado
- Extensão - 4 quilômetros
- Entrega - sem definição