Com cada vez mais pessoas buscando veículos recreativos para um novo estilo de vida ou para uma temporada de férias, o mercado gaúcho viu uma oportunidade para crescer e para apostar em novos formatos. À época com outro nome, a Scorpion Trailers começou em 2007 em Capão da Canoa vendendo apenas reboques. Mas foi a partir de 2019 que os donos da empresa passaram a receber mais e mais pedidos de minitrailers – veículo que até então não montavam – e, a partir de então, passaram a se especializar no negócio.
— A gente vende para todo o Brasil, para todo o tipo de público, e também exporta para a Austrália. Nós fabricávamos reboques e furgões de carga e o pessoal começou a pedir minitrailers, e a gente começou a arriscar na ideia. E fomos para essa área de aventura. Nunca fomos da área, mas como o pessoal começou a pedir, apostamos em um mercado que estava em expansão. Foi quando começou a febre dos trailers e, logo em seguida, veio a pandemia — relembra Diaini Brehm, gerente da empresa que é de propriedade do marido, Marco Jornada.
O nome minitrailer já dá uma ideia do que se trata: um trailer compacto, do tamanho de um veículo SUV, que pode ser puxado por um carro 1.0 e cabe em uma vaga de garagem. Tem um quarto e cozinha, e pode vir com banheiro externo. Os valores variam de R$ 44,9 mil a R$ 90 mil, de acordo com os opcionais.
— Dá para escolher uma suspensão mais alta, placa solar, banheiro externo, ar-condicionado, aquecedor de passagem. Os opcionais são um luxo, alguns confortos a mais que vão encarecendo a brincadeira — explica Diaini, que planeja a venda de um veículo também com banheiro interno.
Somente em 2021, foram 80 minitrailers entregues pela empresa nascida em Capão. E, durante o recesso de fim de ano, o telefone não parou: dezenas de mensagens se acumularam no telefone em busca de veículos. Segundo a proprietária, o faturamento aumentou de cinco a seis vezes com a pandemia – tanto que, em julho, a Scorpion passou a produzir os veículos em Jaguaruna, em Santa Catarina, para dar conta da demanda.
Para 2022, a Scorpion pretende investir no aluguel de minitrailers. O empréstimo de veículo por diária já é algo praticado pela Kirsch Motorhomes, empresa localizada em Novo Hamburgo e no mercado desde 1997. O local vende e aluga motor homes, trailers e minitrailers seminovos e usados. O proprietário Felipe Kirsch também vê uma aceleração do mercado nos últimos anos, principalmente a partir da pandemia.
— O mercado vem em uma crescente desde 2014, 2015, e a pandemia acelerou o processo. Muitas das pessoas que nos visitam dizem que não sabem se estarão vivas amanhã para ter um veículo recreativo. E tem a questão de ter mais liberdade e, ao mesmo tempo, estar isolado, o que é mais seguro.
Os valores são bem variados: uma Kombi menor pode ficar em torno de R$ 50 mil, e os melhores motor homes podem chegar a R$ 2 milhões – um motor home bem equipado custa cerca de R$ 350 mil. Já os trailers partem de R$ 20 mil e vão até R$ 400 mil. Para locação, o valor é por diária: a de trailer vai de R$ 200 a R$ 410, e a de motor homes, de R$ 600 a R$ 900.
Kirsch lembra que, normalmente, quem larga tudo e passa a viver em um veículo recreativo costuma ter poder aquisitivo para adquirir um: por isso, boa parte dos adeptos dessa cultura são pessoas aposentadas. Assim, a locação de veículos é uma alternativa que tem crescido.
— Quando comecei a fazer locação, foi no espírito de experimentar antes de comprar. Hoje, a pessoa quer alugar por experimento de vida. Muitos têm o sonho, mas no momento não têm condições. Então eles vêm com a roupa do corpo, não se envolvem com impostos e manutenção e conseguem aproveitar.
Seja aposentado ou trabalhador ativo, comprador ou locador, o intuito é o mesmo: viver uma vida explorando o mundo, perto da natureza e, claro, sobre rodas.
Ficou interessado? Veja dicas para quem quer viajar de motor home ou trailer
- O motor home geralmente é um ônibus ou van adaptada e é conduzido pelo motorista. Conta com quarto, banheiro e chuveiro, cozinha e uma mesa que se transforma em cama. Já o trailer dispõe das mesmas comodidades, mas a principal diferença é que ele precisa ser rebocado por outro veículo e não possui motor próprio.
- Ambos os veículos são autossuficientes, com caixa d’água, conversor de energia, reservatórios de dejetos e baterias. Em alguns casos, um painel de controle mostra as condições de energia e nível da água. Dependendo do veículo, a energia e a água podem durar horas ou poucos dias – e, por isso, é importante ter acesso a campings ou locais onde possa ser feita a recarga, conexão com energia elétrica e descarte de dejetos.
- A recomendação é que os motoristas parem os veículos sempre em áreas fechadas, como campings ou pousadas. Além de serem mais seguras, são locais onde é possível fazer o reabastecimento. Alguns postos de combustíveis também oferecem o serviço.
- A documentação varia muito. No caso dos motorhomes, é preciso constar na documentação do veículo que se trata de uma motorcasa fechada. Empresas responsáveis pela venda e aluguel desses veículos geralmente se responsabilizam pelos trâmites.- A carteira de habilitação necessária depende do tipo e do peso do veículo recreativo em questão. Pode ser a B, C ou D.
Fonte: Felipe Kirsch, proprietário da Kirsch Motorhomes