Basta colocar os pés na areia e ficar diante do mar que, em muita gente, bate aquela vontade de uma violinha, acompanhada de uma lata de cerveja bem gelada. Fazer refeições mais pesadas enquanto se aproveita as férias no litoral não é errado, mas o risco, segundo especialista ouvida pela reportagem, é se deixar levar e acabar ingerindo frituras e bebidas alcoólicas durante toda a temporada, esculhambando a alimentação.
Natural de Bom Retiro do Sul, a família da professora Camila Cardoso, 41 anos, levou uma bolsa térmica repleta de alimentos para curtir um dia de praia em Imbé, no Litoral Norte. Eram pacotes de bolacha recheada e salgadinho, além de garrafas de refrigerante e de chope produzido em Lajeado.
Uma opção, segundo ela, para economizar dinheiro enquanto curte o recesso escolar ao lado dos filhos, Rebeca Dias Almeida, 27 anos, e Misaque Dias Almeida, 12, além do namorado da guria, Pablo Leonhardt, 21.
Eles comiam as guloseimas perto do meio-dia nesta quinta-feira (6) ensolarada. Mas ainda fariam um almoço na pousada em que se hospedaram, a poucas quadras do mar. Daí, sim, seria uma refeição completa, com direito a salada.
— A época em que a gente come porcaria é na praia. Em casa, é coisa que vem da terra — diz.
Devorando um pacote de salgadinho enquanto se secava ao sol, o menino Misaque garantiu que também é chegado numa fruta
— Banana eu como todo o dia — disse, para espantar qualquer preocupação.
Na avaliação da nutricionista Lisete Griebeler Souza, presidente da Associação Gaúcha de Nutrição (Agan), o comportamento da família de Camila está correto. Momento de descansar na praia também é o período de dar-se o direito de relaxar um pouco na alimentação.
— Está na beira da praia, quer ter a cara das férias e comer violinha e tomar cervejinha, por que não? Isso tem valor afetivo, ligado ao sistema cerebral de recompensa, de prazer, que lembra o corpo que devemos relaxar. O grande problema é fazer isso todos os dias. Daí, coitado do corpo: fica completamente intoxicado — observa.
Vindos de Brasília, no Distrito Federal, o casal Janaina Martins da Silva, 34 anos, e Luís Alves de Oliveira, 37, desfrutava de seu primeiro dia de praia em Imbé em uma mesa a poucos metros de distância da família de Camila. Pediram uma porção de batata frita e outra de violinha para comerem com as filhas, Ana Júlia, 12 anos, e Ana Beatriz, dois, além da avó, Maria Vitória Araújo, 81 anos.
As meninas se lambuzavam com as frituras.
— Eu gosto de praia porque tem isso aqui: peixe e batata frita — apontou a mais velha, besuntando uma fatia de batata em um potinho com molho, servido pelo quiosque.
Mais tarde, quando batesse a fome de comida, iriam almoçar na casa da tia do casal, Eliana Araújo, 57 anos. Formada em educação física, ela não se arriscava nas frituras.
— Minhas filhas gostam mesmo. Mas eu pedi as porções antes de a tia chegar, porque a tia Eliana é fitness — brinca Janaina.
De novo, frisa a nutricionista Lisete, comer as frituras servidas nos quiosques é um luxo que o veranista pode se dar. Quando for assim, basta entremear a batata frita com refeições mais frescas, com vegetais, frutas e saladas. Também é importante ficar bem hidratado.
— No dia em que optar por refeições mais pesadas, cuida para se hidratar muito. O sol, somado à água salgada, o vento, e a bebida alcoólica, desidrata — frisa.
Confira as dicas da nutricionista para ter uma alimentação prazerosa, mas também saudável na beira da praia:
- Dá para comer guloseimas na beira da praia, mas cuide para ter refeições mais completas nos outros momentos do dia;
- Se quiser levar comida de casa, garanta frutas e opções mais leves;
- Pode comprar batata frita, pastel e violinha dos quiosques, mas lembre-se de que também existe o milho verde, mais nutritivo e que pesa menos no organismo;
- Cerveja e caipirinha estão liberadas, desde que não vá dirigir. Mas também é importante tomar muita água entre as bebidas alcoólicas.