Idealizador do Estádio Municipal de Cidreira, conhecido como Sessinzão, o ex-prefeito do município Elói Braz Sessim diz não se arrepender da construção do estádio, que ganhou status de elefante branco no Litoral Norte. Sessim, que hoje está com 70 anos, afirma que pensou em atrair investimentos para Cidreira quando resolveu tirar a obra do papel. Longe da política, Sessim lamenta a atual situação do complexo, rebate acusações contra sua gestão e diz que o abandono do local é culpa de seus sucessores no comando do Executivo municipal.
Entre o final dos anos 1990 e início dos 2000, Sessim ocupou o noticiário após diversas polêmicas envolvendo as suas gestões como prefeito de Cidreira e de Tramandaí. Em 2002, após quatro anos foragido, Sessim foi preso em razão de condenações por desvios de verba e outras irregularidades. Atualmente, após cumprir pena, ele é proprietário de uma rádio em Tramandaí, onde é um dos apresentadores, e diz que não pretende retomar a carreira na política.
Como foi o processo de construção do estádio e qual era a ideia do senhor na época?
No sentido turístico e de eventos, eu pensei no futebol, que é a paixão do povo brasileiro. O nosso litoral norte do Rio Grande do Sul não tinha time como representante no campeonato gaúcho, seja na segunda ou na primeira divisão. Baseado nisso, fiz um esforço no sentido de construir um estádio de futebol e de montar um time para disputar o campeonato gaúcho. Mas o principal de tudo, no contexto, era fazer a economia do município girar para ampliar os recursos, gerar empregos, aumentar a construção civil. Então, com o estádio trazendo os times de Grêmio e de Inter, com o campeonato transcorrendo no período de verão, ia aumentar consideravelmente o movimento de pessoas na cidade.
Por que o projeto do Sessinzão não deu certo e o estádio acabou caindo no abandono?
Por culpa única e exclusiva dos prefeitos que passaram. O que ocorre? As organizações deixaram ao relento, não investiram. Se cada um investisse um pouquinho, o estádio estaria concluído e os eventos e os jogos estariam saindo.
Como senhor responde às críticas sobre a construção do estádio e aos apontamentos sobre suposto superfaturamento na obra?
O estádio foi feito tecnicamente em cima de um projeto, feito por uma equipe de engenheiros, dentro das normas técnicas de engenharia. Houve degradação nos últimos anos por falta de manutenção. Sobre os supostos apontamentos de superfaturamentos, que eu saiba, por parte dos órgãos de fiscalização, eu não recebi nada.
O senhor se arrepende da construção do estádio?
Não me arrependo. Fiz com convicção e tenho certeza que seria a redenção econômica de Cidreira, que hoje estaria representada em todo o Litoral e em todo o Estado. Se eu fosse prefeito de Cidreira novamente, eu confirmava o estádio, terminaria o estádio e iria mostrar que é possível ter grandes eventos esportivos lá.
Olhando a situação atual dos municípios, que sofrem com falta de verba, o senhor acha que é possível fazer isso?
Alguns prefeitos com os quais eu me comunico dizem que na minha época era tudo mais fácil. Mais fácil está agora. Antes, os prefeitos tinham de ir a Brasília com chapéu na mão para pedir recursos. Uns ganhavam e outros não ganhavam. Hoje, os deputados federais e senadores têm R$ 10, R$ 15, R$ 20 milhões de verbas autorizadas para repassar aos municípios para investimentos e melhorias. Isso é independente do governo federal, que tem o poder do dinheiro na mão para quem apresentar um projeto que prevê resultado. Então, tem dois lados dando agora.
O senhor acredita que a demolição do estádio é a melhor alternativa no momento, levando em conta a falta de dinheiro por parte da prefeitura, a falta de empresários interessados em comprar a estrutura?
Tem brecha para buscar uma revitalização. Foi feito um levantamento por um órgão técnico do Ministério Público estadual, que apontou o que tem de ser consertado. Pode recuperar com tranquilidade e colocar o estádio para funcionar normalmente. Desmanchar o estádio, na minha opinião, é um atentado ao povo de Cidreira. Um desrespeito e acima de tudo é colocar dinheiro público fora.
Como está atualmente a situação do senhor na Justiça?
Estou praticamente resolvido no que diz respeito em matéria de Justiça.
O senhor pensa em tentar retomar a carreira na política?
Estou cuidando da minha rádio, que já me dá bastante trabalho. Se eu dissesse que não sou político, estaria faltando com a verdade, mas não tenho nenhuma pretensão política no momento. Vou cuidar dos meus afazeres.
Qual a ocupação do senhor atualmente?
Minha ocupação é só na rádio. Faço um programa de entrevista das 12h às 13h e um programa no domingo com a minha esposa, Aline Sessim.
O senhor se arrepende de alguma decisão na época em que governou Tramandaí e Cidreira?Não. Acho que fiz tudo com convicção. Não digo mágoa, mas tenho certo ressentimento das acusações que fizeram contra mim, nenhuma delas com consistência. Houve uma atitude de políticos que me perseguiram.