Acostumado a salvar vidas, o 1° Sargento do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, Francisco Rogério Ferreira Farias, 53 anos, foi poupado da morte por colegas de corporação em abril de 2017. Na ocasião, ele estava em férias, na praia de Canasvieiras, em Santa Catarina, quando teve três paradas cardíacas e foi reanimado por três bombeiros de Florianópolis. Na última sexta-feira (15), o militar retornou à cidade do litoral de SC e reencontrou o trio de agentes que o salvaram.
Um dos envolvidos, Kleber Souza Carneiro, que estava locado no quartel de Canasvieiras à época, recorda que, depois de atender à ocorrência de Francisco e voltar ao quartel, teve pouca esperança de que o companheiro de profissão sobrevivesse.
— Na hora em que ele deitou na maca da ambulância teve a primeira parada e fizemos os procedimentos de reanimação. Quando chegamos ao pronto atendimento para o qual o levamos, ele sofreu outra. Dentro da UPA, foi mais uma, e ele foi entubado e medicado — lembra Carneiro, complementando:
— Após o socorro, retornando para o quartel, até comentamos entre colegas "esse cara não vai escapar". Porque a gente está acostumado a ocorrências e sabe da gravidade de uma parada cardiorrespiratória (PCR).
Um tempo depois, Carneiro ficou sabendo que Francisco estava vivo. Mas foi só agora, quase dois anos após o episódio, que todos os envolvidos conseguiram se reencontrar. Além de Chico — como é chamado entre os mais próximos — e Carneiro, estiveram no encontro, que ocorreu no Quartel de Canasvieiras, o soldado Everton de Pádua e o cabo Júlio César Felício.
— Foi show de bola encontrar todo mundo. Agora, dando risada. Foi emocionante ver ele contando a própria versão da história, ver a esposa (que estava junto na data da ocorrência) agradecendo. Esse é nosso trabalho, não esperamos recompensa. Mas, por ser um colega de trabalho, ficamos muito emocionados. O reconhecimento é como uma injeção de ânimo —revela Carneiro, acrescentando que Francisco levou até medalha para os parceiros.
Agradecimento pela agilidade dos colegas
Depois do susto, Francisco ficou um tempo fazendo serviços administrativos dentro da corporação. Hoje recuperado, ele está de volta a atividades de socorro no 2º Pelotão de Bombeiros Militar de São Lourenço do Sul, que faz parte do 3º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM) de Rio Grande. E ele credita a recuperação, rápida e sem sequelas, a dois fatores: o preparo físico que teve durante a trajetória de aproximadamente 30 anos como bombeiro e a agilidade que os colegas, e hoje amigos, tiveram no resgate.
— Existe um fundamento nos bombeiros em que, depois que a sirene toca, temos de sair em até um minuto. Eles chegaram muito rápido para me auxiliar. Se estou vivo é graças à presteza e competência daqueles bombeiros. Não é qualquer socorrista que sabe lidar com um infarto violentíssimo como foi o meu. E eles não desistiram em nenhum momento até eu chegar ao médico. Foram de uma capacidade e inteligência operacional fantásticas — elogia Francisco.
Sobre o primeiro encontro face a face com os salvadores, Francisco confessa:
— Foi emocionante, pois eu ainda não tinha encontrado com todos eles. Além disso, minha mulher estava junto. Podia não parecer, mas eu estava chorando por dentro. A emoção era tanta que fizeram uma transmissão ao vivo e eu não consegui nem falar direito.