Na última sexta-feira (19), milhares de animais da começaram a aparecer mortos na orla de várias praias do Litoral Norte. Prefeituras de Osório e Imbé tiveram de utilizar retroescavadeiras para recolher os peixes. Veja abaixo o que já se sabe sobre o caso.
Qual foi a quantidade total de peixes mortos encontrada no Litoral?
Segundo o Batalhão Ambiental da Brigada Militar, 25 toneladas de peixes foram recolhidas. Equipes das prefeituras de Imbé e Osório trabalharam com retroescavadeiras até as 3h de domingo (21) para recolher os animais. Três caminhões lotados foram levados para o aterro sanitário de Tramandaí.
De que espécie são os peixes?
São bagres, espécie em extinção que tem pesca proibida no Rio Grande do Sul desde 2014. O Genidens barbus é o bagre mais comum na região de Tramandaí, segundo o oceanógrafo do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) Joaquim Ribeiro. A colocação dos bagres na lista de risco em todo o Estado considerou a distribuição regional desses peixes, tornando sua pesca um crime ambiental.
Onde os peixes foram encontrados?
Os bagre mortos começaram a aparecer nas areias das praias de Atlântida Sul, Albatroz, Santa Terezinha e Mariluz na sexta-feira (19). No sábado (20) pela manhã, veranistas que caminhavam pela orla foram surpreendidos pelo cenário.
O que aconteceu?
Relatos de moradores e veranistas indicam que duas embarcações foram avistadas próximas à costa na tarde de sexta (19) e na manhã de sábado (20). Ao perceberem a presença de um helicóptero da Brigada Militar que fazia um sobrevoo pela região, os responsáveis pela pesca ilegal teriam devolvido os animais no mar.
O Comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar do Litoral Norte, capitão João César Verde Selva, reafirmou, na manhã desta segunda-feira (22), em entrevista à Rádio Gaúcha, que os indícios mais fortes apontam a pesca predatória como a causa provável da mortandade.
Por que os barcos não foram perseguidos?
João Batista Ferreira, diretor do Departamento de Pesca de Imbé, ligado à Secretaria do Meio Ambiente, Pesca e Agricultura, alega que a perseguição fica difícil de helicóptero e que os pesqueiros teriam rumado para Santa Catarina. Os barcos teriam suprimido sua identificação.
O que será feito a respeito?
Amostras foram encaminhadas para o Ceclimar para apurar se os bagres estavam contaminados. Segundo informou o capitão João César Verde Selva, comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar do Litoral Norte, a investigação, a partir de agora, ficará a cargo de órgãos federais – Ministério Público Federal, Marinha do Brasil e Ibama –, para que cada um possa tomar providências de acordo com suas competências.
Já aconteceram episódios semelhantes no Estado?
*Em 2006, em um dos maiores desastres ambientais da história gaúcha, o excesso de poluição matou milhões de peixes no Rio dos Sinos: 86,2 toneladas de peixes mortos foram retirados da água, sem contar os bichos que apodreceram no leito. Estima-se que o desastre possa ter afetado de 150 a 200 toneladas de pescado, número até oito vezes superior ao registrado no episódio atual.
*Em 2011, milhares de savelhas – espécie de baixo valor comercial – foram rejeitadas por barcos pesqueiros na praia do Cassino, em Rio Grande. O descarte chamou a atenção em uma faixa de areia de cerca de dois quilômetros, próximo dos Molhes da Barra.
*Antes disso, em 2007, mais de 40 quilômetros da orla gaúcha foram tomados por pelo menos cinco toneladas de tainhas mortas, entre Tavares (nos fundos da Lagoa do Peixe) e Bujuru, distrito de São José do Norte. Na época, a suspeita do Batalhão Ambiental também era de que alguma embarcação tivesse despejado o resultado do trabalho no mar ao se defrontar com fiscalização.