O setor automotivo acompanha as dificuldades da economia brasileira com as altas taxas de juros, restrição ao crédito e endividamento das família. A produção, venda e exportação de veículos despencam em abril na comparação com março. O tombo na venda refletiu na produção com a parada das linhas de montagem em nove fábricas. No resultado acumulado dos primeiros quatro meses do ano, a produção e venda são positivas e a exportação negativa.
— Mesmo com as dificuldades de crédito e juros elevados que afetam sobretudo as vendas no varejo, emplacamos até agora 633 mil unidades em 2023, 14% a mais que no ano passado, quando a crise era somente de falta de oferta — analisou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite.
A produção de 178.853 veículos caiu 19,4% na comparação com março e 3,9% sobre o mesmo período do ano anterior, quando o setor enfrentava o momento mais crítico da crise dos semicondutores e também reflexos da pandemia do coronavírus. Foram 169.970 automóveis e comerciais leves, menos 18,1% na comparação com março e menos 2,5% sobre o mesmo período de 2022. O resultado acumulado do ano cresceu 4,8% com 682.175 veículos dos quais 630.393 foram automóveis e comerciais. O aumento é de 7,5% sobre igual período do ano passado.
Para agravar a situação do mercado, a venda teve menos cinco dias úteis em relação a março. A média diária de 8.900 emplacamentos cresceu 3,2% sobre março e 15,2% na comparação com o mesmo mês de 2022.
As 160.730 unidades emplacadas representaram um recuo de 19,2% sobre o volume de março, e mais 9,2% sobre o mesmo mês do ano passado. No quadrimestre foram emplacados 633.910 veículos, 14,1% a mais sobre o mesmo período de 2022.
Caminhões e exportação
A situação de caminhões foi mais complexa com o fim do período de três meses em que foi permitido emplacar modelos da fase anterior do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores. A medida provocou a antecipação de compra pelo aumento de custo dos novos produtos pela incorporação de tecnologia mais avançada.
A produção de 7.255 caminhões em abril despencou 41,1% na comparação com março e menos 2,8% com o mesmo mês de 2022. Houve 1.628 ônibus produzidos, 16,9% abaixo de março, quando foram fabricados 1.958 veículos. No quadrimestre, saíram das linhas de montagem 44.455 caminhões, menos 28,6% e 7.327 ônibus, menos 23%.
A venda de caminhões caiu 22,2% em abril sobre maio com 7.024 unidades enquanto a de ônibus tombou 45,2% com 1.409 registros. No ano, foram emplacados 36.236 caminhões, menos 16,6% e 4.449 ônibus, mais 25%.
A exportação acompanhou a produção e venda e também caiu em abril, no caso pela situação dos principais países importadores. Para agravar, a Argentina, principal destino dos veículos brasileiros, restringiu a importação por questões cambiais nas três primeiras semanas do mês.A exportação caiu 13% para a Argentina, 18% para o México, 10% para a Colômbia e 48% para o Chile.
O embarque de 34.007 veículos caiu 23,9% na comparação com março e 24,15% sobre o mesmo mês de 2022. Em valores foram US$ 905,332 milhões, menos 19,1% em relação a março. De janeiro a abril, foram 152.876 unidades e o resultado acumulado foi de US$ 3,675.900 bilhões.
O estoque cresceu em abril e passou para 206,1 mil unidades. Foram 132,6 mil veículos nos concessionários e 73,5 mil nas montadoras. Correspondeu a 38 dias, sendo 25 nas lojas e 13 nos pátios das fábricas.