A crise de componentes e as dificuldades da economia brasileira com a desvalorização do real e a pressão do aumento generalizado dos preços continuam impactando a cadeia automotiva. A produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus teve leve crescimento em setembro na comparação com agosto mas as vendas e exportações caíram, mas no resultado acumulado do ano os três segmentos tem desempenho positivo.
A produção de 173,3 mil unidades em setembro aumentou 5.6% na relação com agosto mas despencou 21,3% sobre o mesmo mês de 2020 conforme os dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A produção acumulada de 1,649 milhão de veículos saltou 24% na comparação com o mesmo período do ano passado quando o país enfrentava os graves reflexos da pandemia do coronavírus. Os comerciais leves com mais 46,5% e os caminhões com mais 103,7% puxaram o crescimento.
A venda de 155,1 mil veículos em setembro foi 10,2% menor em relação a agosto e foi o pior resultado do setor desde junho de 2020. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o tombo foi de 25,3%. O 1,577 milhão de emplacamentos no ano cresceu 14,8% no comparativo com igual período de 2020. O resultado, de acordo com a Anfavea, foi impulsionado pelo segmento dos comerciais leves, que envolve picapes, furgões e vans.
As exportações caíram 19,7% com 23,6 mil unidades em setembro comparadas à a agosto. O resultado decorreu da falta de componentes e das dificuldades da economia da Argentina, maior importador de veículos produzidos no país.Em valores foram US$ 634,599 milhões, 7,9% sobre agosto, mas mais 15,3% na comparação com o mesmo mês de 2020. No ano, foram embarcados 277 mil veículos com o crescimento de 33,8% em relação a 2020. Em valores, os US$ 5.528.449 saltaram 49%.
Previsões revisadas
A atual crise de fornecimento dos semicondutores tem impactado a fabricação de veículos no mundo todo. A indústria automotiva global deixará de produzir de 7 a 9 milhões de veículos neste ano como decorrência da falta de semicondutores. Também o aumento de custos e as dificuldades logísticas têm afetado diretamente a produção do setor automotivo no país.
Nunca havíamos tido tanta dificuldade em enxergar o cenário em curto prazo na indústria automotiva.
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
As dificuldades e incertezas geradas pela crise dos semicondutores levaram a Anfavea revisar suas projeções para o ano. A entidade dos fabricantes trabalha com o intervalo de produção entre 2,129 milhões e 2,219 milhões de veículos, o que representará um aumento de 6% a 10% quando comparado com o ano anterior. As vendas poderão variar de 2,038 milhões a 2,118 milhões, com queda de 1% a crescimento de 3% na comparação com 2020. Já as exportações, ficarão de 357 mil a 377 mil unidades, alta de 10% a 16%
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, alerta que as incertezas para garantir a produção de veículos é grande com a crise de fornecimento global. Existe a procura de veículos pelos consumidores mas as montadoras não têm unidades para atender a demanda.