As incertezas sobre o segmento de caminhões da Ford no Brasil e das atividades do complexo de São Bernardo do Campo (SP) terminaram. A montadora norte-americana anunciou nesta terça-feira (19) que deixará de produzir caminhões na América do Sul. Segmento que estava restrito ao Brasil e à Turquia, onde atua com uma associação local. A planta de São Bernardo do Campo (SP) produz as linhas Cargo e F e os automóveis Fiesta. Os modelos serão vendidos até o fim dos estoques.
O desenvolvimento de novos produtos e os elevados investimentos para acompanhar as novas tecnologias provocaram a decisão. A montadora dedicará a atenção aos carros híbridos e elétricos e à condução autônoma.
A Ford anunciou no final do passado nos Estados Unidos que concentrará suas atividades na produção de picapes - onde lidera o segmento por mais de 30 anos - e nos utilitários esportivos. São veículos com maior valor agregado e mais lucratividade.
O comunicado da Ford destacou que a decisão de deixar o mercado de caminhões foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação.
Justifica que a manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável.
O presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, manifestou a consciência do impacto que a decisão terá sobre os funcionários e que trabalhará com os parceiros no desenrolar do processo. Prometeu que a Ford em conjunto com concessionários e fornecedores,manterá o apoio aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica.
A reestruturação terá o objetivo criar um modelo de negócio mais compacto e ágil de maneira a proporcionar mais rentabilidade. A empresa cortará 20% dos custos trabalhistas e a estrutura administrativa na América do Sul, além de priorizar produtos nos segmentos de utilitários esportivos e picapes.
A Ford e a Volkswagen firmaram recente aliança para desenvolver picapes. As duas montadoras produzem os utilitários em General Pacheco, na Argentina. A americana monta a Ranger e a alemã a Amarok.
A Ford estima que terá um impacto por volta de US$ 460 milhões em despesas não recorrentes. Em torno de US$ 100 milhões serão relacionados à depreciação e amortização de ativos fixos, o restante às compensações de funcionários, concessionários e fornecedores.
A Ford Caminhões fechou 2018 com a venda de 9.314 caminhões e o avanço de 19,3% em relação ao ano anterior. Com a participação de 12,2% do mercado doméstico, a Ford foi a quarta marca, atrás da Mercedes-Benz, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Volvo.