A convocação do zagueiro Léo Ortiz para a vaga de Felipe na Seleção Brasileira não deixa de ser uma surpresa, mas tem muita lógica. O porto-alegrense, formado na base do Inter, ainda que não figure entre as grandes estrelas do futebol nacional, é um jogador extremamente regular e com personalidade muito consolidada. Seu amadurecimento tem como componente importante o fato de ser filho de um dos maiores craques do antigo futebol de salão, hoje futsal. Maduro dentro e fora do campo, o hoje defensor do Bragantino, líder do Brasileirão, ganha uma chance inesperada, mas que pode lhe render muito num momento em que o surgimento de destaques no seu setor não é tão rico.
Fica em Porto Alegre, especialmente no Beira-Rio, o sentimento de reavaliar o quanto Léo Ortiz poderia ter rendido ao Inter se tivesse permanecido em Porto Alegre. Hoje o clube sai atrás de dois zagueiros, uma vez que falta número e qualidade no setor. Além disso, aos 25 anos, o convocado de Tite tem uma idade ideal, seja para o clube ou para um futuro na Seleção. Mesmo que não siga sendo convocado, uma vez que a fila andou pelas lesões de Lucas Veríssimo e Felipe, uma boa presença no elenco nacional tem a capacidade de virar tal situação, que o diga Richarlison.
Talvez Leo Ortiz nem entre em campo na Copa América, mas o currículo já está engrandecido. Sem a necessidade de assumir alguma culpa por ter deixado escapar um jovem jogador como ele, o Inter e outros clubes devem tomar como alerta quando da escolha entre apostar na base ou buscar reforços fora, muitas vezes mais caros. Tal lição deve ser dividida entre comissões técnicas, dirigentes e impacientes torcedores. No Beira-Rio, Léo não foi brilhante ou encantador, mas era bem melhor do que nomes que foram contratados como Matheus Jussa ou ainda mais eficiente do que o improvisado Zé Gabriel, alguém que é candidato à fritura por não atuar na sua posição.