Escanteado no Inter, Léo Ortiz foi encontrar a felicidade à sombra do touro da Red Bull. O zagueiro de 23 anos (faz 24 em 3 de janeiro) fechou 2019 como um dos principais nomes do RB Bragantino, a novidade do ano no futebol brasileiro e que promete, a partir de 2020, ombrear-se com os gigantes da Série A. Por telefone, dias antes de encerrar a temporada, Ortiz conversou com o colunista.
Precisava descolorir o cabelo pela volta à Série A?
(Risos) Foi promessa pelo acesso. A rapaziada combinou de fazer isso. Sabe como é promessa, se você não cumpre, vem contra depois.
Fica a frustração por não ter sido tão aproveitado no Inter?
Sempre foi um sonho, para mim, jogar no profissional do Inter. Consegui realizá-lo. Lógico que talvez não tenha sido da maneira como imaginava. Mas o sonho de chegar, eu consegui. Tudo é um processo de amadurecimento. Sabemos como são os clubes grandes (em relação à cobrança). Ainda mais naquele momento do Inter, no pior ano da sua história, de viver a Série B. Tínhamos a noção de que a paciência não seria a mesma.
Como foi essa chegada ao projeto da Red Bull no Brasil?
Neste ano foram dois momentos distintos. Primeiro a chegada ao RB Brasil, que é uma estrutura diferente em relação à grande maioria dos clubes, por ser gerido por uma empresa, não ter tantos diretores e tantas pessoas no dia a dia. No Paulistão, fizemos a melhor campanha da primeira fase, mas não tínhamos torcida. Nas quartas, fizemos dois jogos com o Santos e, em ambos, foi como se atuássemos como visitantes. A partir da fusão, juntou-se a estrutura e a organização do RB com a tradição do Bragantino, que tem a torcida de uma cidade apaixonada por futebol.
É possível repetir o sucesso dos outros times da Red Bull?
Na Alemanha, pela tradição do futebol, evoluiu mais rápido, chegou ao patamar de Liga dos Campeões e com boas campanhas na Bundesliga. Na Áustria, há evolução. O Salzburg chegou às quartas da Liga Europa na última temporada e fazem enfrentamentos na Liga deste ano. A organização é o principal ponto da empresa, tanto na Europa como aqui. A ideia é avançar com organização, planejamento e sem muita loucura. Foi assim aqui. Crescemos dentro do estilo que eles querem. Mantivemos muito do grupo do Paulista, e isso facilitou na Série B.
Sempre foi um sonho, para mim, jogar no profissional do Inter. Consegui realizá-lo. Lógico que talvez não tenha sido da maneira como imaginava. Mas o sonho de chegar, eu consegui."
A ideia da Red Bull é de ter um padrão na forma de jogar?
Fomos para lá no meio do ano (o Bragantino fez intertemporada em Salzburg), e eles conversaram muito sobre isso. As ideias de jogo coincidem em alguns pontos. Claro que cada treinador tem algo que os diferencia. Acredito que os estilos batem muito, de um time que gosta de ter a bola, ataca muito e tem organização defensiva boa.
Como foi a intertemporada na sede do RB Salzburg?
Inovadora, não tinha passado por isso. Não me lembro de algum clube brasileiro ter feito igual. Foi muito bom, tanto no aspecto profissional, de trabalho e amistosos contra equipes de fora, quanto na experiência de vida. Influenciou muito no que queríamos neste ano. A interação foi excelente, permitiu ficar no CT deles e conhecer a estrutura que querem no Brasil.
Como era esse CT?
Ficamos no CT da base do Salzburg. Havia alojamento de alto nível, parecia mais um hotel, pela qualidade dos serviços. O prédio tinha três ou quatro andares e abrigava tudo de forma funcional. O cara saía do quarto e, em dois minutos, estava na academia, por exemplo. Mais dois minutos, chegava aos campos, que eram seis ou sete. Em resumo, era a melhor estrutura possível.
Assinei até o final de 2020, e o clube já conversa com meu empresário para que prolongue. Sou novo ainda e estou em crescimento na carreira, em evolução. É o que eles querem (como modelo de jogador). Juntamos interesses em comum"
Você não chegou a ser cogitado no Inter ao voltar do Sport?
Em dezembro de 2018, voltei do Sport, e o (Antonio Carlos) Zago tinha me ligado e convidado para jogar o Paulista no RB. Acertei até o fim do Estadual. Fui bem, e eles me apresentaram o projeto de ficar para Série B e buscar o acesso (o Inter aceitou liberá-lo, mas manteve participação numa futura venda). Foi algo que me agradou. Tive sondagens da Série A, mas recusei. Precisava jogar, mostrar trabalho.
Seu contrato vai até quando?
Assinei até o final de 2020, e o clube já conversa com meu empresário para que prolongue. Sou novo ainda e estou em crescimento na carreira, em evolução. É o que eles querem (como modelo de jogador). Juntamos interesses em comum.