Já estávamos diante da mais estúpida das punições do futebol sul-americano quando o atacante boliviano Marcelo Moreno foi suspenso por um jogo e multado em função de ter manifestado em redes sociais pessoais sua contrariedade à realização da Copa América. Vítima da covid-19, Moreno se mostrou indignado pela competição acontecer numa situação de pandemia e de alto índice de contaminação no Brasil. A vítima mais recente da censura totalitária da Confederação que adora multar é o técnico Tite.
O treinador do Brasil, antes da estreia, comentou o que ele e os jogadores achavam da maneira como estava sendo organizada uma competição da magnitude de uma Copa América. Ele disse que a disputa foi organizada de maneira "atabalhoada", o que é absolutamente real. Falar a verdade e livremente num país em que se vive uma democracia não poderia render qualquer tipo de punição.
Realmente nada aconteceu de parte das autoridades públicas, mas a Conmebol se julga acima de governos e de constituições. Tite não foi suspenso, mas vai precisar pagar 5 mil dólares pela indisciplina. Por certo a cartolagem sul-americana, sempre com cifrões na cabeça, está ansiosa por novas reclamações. Talvez as queixas feitas após o jogo contra a Colômbia, relativas aos péssimos gramados, renda mais dinheiro para a cartolagem. Aí dá até para cobrar de Lionel Messi também.
Por mais que o regulamento da competição contemple artigos que preservam a imagem da disputa, é inconcebível o que vem acontecendo. Não há ofensas pessoais e nem à instituição Conmebol. O termo "atabalhoada", usado por Tite, também não remete a um caráter tão crítico ou destrutivo. Basta saber português.
O detalhe é que a Confederação não tem a nossa língua bem compreendida, não admite contestações e, acima de tudo, não mede esforços para aplicar multas. O cifrão para a entidade é muito mais importante do que a bola. E não tem lei, autoridade ou sistema que seja respeitado.