Infelizmente, a Copa América não está transcorrendo como seria digno para o mais antigo torneio entre seleções do mundo. Não bastasse a transferência altamente discutível para o Brasil, a contrariedade da própria Seleção Brasileira e problemas sérios na logística e na estrutura durante a competição, a Conmebol, dona do evento, não consegue ficar sem dar mostras de autoritarismo e ganância. A vítima do momento é a seleção da Bolívia, mais especificamente o atacante Marcelo Moreno.
Talvez a pouca repercussão da competição e o fato de a Bolívia ser uma seleção coadjuvante não tenham dado uma dimensão maior à suspensão imposta ao ex-atacante do Grêmio na última sexta-feira (18). Por criticar a organização da Copa América numa rede social, relacionando o evento ao fato dele ter contraído covid-19, o jogador foi punido por uma partida.
Em se tratando de Conmebol, claro que esta pena não viria sozinha, e foi acompanhada de uma multa de US$ 20 mil. Está caracterizada uma censura absurda e de conotações totalitárias, visto que a manifestação se deu fora do ambiente de jogo e num canal particular do atleta.
Moreno pode ter exagerado e até errado o alvo de sua indignação por ter contraído o coronavírus. O alto número de exames positivados na Copa América não está necessariamente ligado à competição ser causadora da proliferação de casos, mas sim à altíssima testagem entre os envolvidos no evento.
Isto, no entanto, não dá o direito à Confederação Sul-Americana de agir fora de seus domínios. Já existem as proibições de manifestações ligadas à política, religião e outros temas polêmicos quando dos jogos, algo que até poderia ser discutido, mas que neste caso não interessa.
A censura em redes sociais ou em entrevistas é a superação da estupidez, sempre acompanhada pela cobrança de uns dólares a mais nos cofres da Conmebol.