Houve uma precipitação geral que envolveu o Grêmio, seus torcedores e os analistas de futebol no Rio Grande do Sul. Era consenso que o sucessor de Renato Portaluppi herdaria um pesado fardo, o de receber o comando de um vencedor, longevo e que junto consigo levou todo um período em que as alegrias superaram de longe as tristezas. A Tiago Nunes foi dada a missão de criar uma nova Era Tricolor, algo que surpreendentemente os primeiros jogos, do Gauchão e da Copa Sul-Americana, mostraram não ser tão complicado. Era um sinal falso. Aí foi o equívoco de todos. O choque veio agora, com o Brasileirão.
Um alívio tomou conta dos tricolores, com uma sequência de vitórias do novo técnico após a saída de Renato. Era justo dizer que a equipe melhorou, que peças novas como Rafinha e Thiago Santos deram um resultado imediato acima do esperado. Foram muitos os elogios, alguns com o objetivo de seguir criticando os últimos tempos do antigo técnico. A nova Era parecia ter chegado sem transição, apenas com a mudança no comando, com alguém mais jovem, arejado e sem os ímpetos de personalidade do homem-estátua. O título brasileiro passou a estar no horizonte como não estivera nos últimos anos.
Bastou um surto de covid-19, convocações de atletas para seleções e algumas lesões para o time desandar e criar uma grande indefinição, algo que era para ter acontecido no início do trabalho de Tiago Nunes. Os bons momentos das primeiras partidas estão perdidos. Ficaram a taça do Gauchão e a campanha exemplar na Sul-Americana. Isto, porém, não serve mais para dizer que o Grêmio de Tiago é melhor do que o de Renato pois deixou de ser. Agora é pior, bem pior, mais confuso e com uma lanterna do Brasileirão na mão.
Uma má fase era natural que acontecesse com as críticas decorrentes dela. A diretoria sabia e talvez não tenha deixado Renato sair antes para adiar esta transição da qual respingam muitas críticas nos gabinetes da Arena e do CT Luiz Carvalho. Com Tiago Nunes ou com qualquer outro, é preciso considerar que as mudanças são necessárias e difíceis de implantar. Vale para esquema de jogo, convivência de vestiário, método de trabalho e conceitos de futebol e de vida. Seria preciso romper, cortar da própria carne, sofrer para mudar. O problema é que a impressão inicial enganou a todos e a só agora se está diante da realidade que pode levar de roldão o primeiro comandante desta nova era.